A Justiça da Itália ratificou nesta quinta-feira (01/07) a pena de prisão perpétua para três ex-militares chilenos envolvidos na morte e desaparecimento de dois cidadãos italianos nas décadas de 1970 e 1980, durante a chamada Operação Condor.
As sentenças foram confirmadas contra o coronel Rafael Ahumada Valderrama, o suboficial Orlando Moreno Vásquez e o brigadeiro Manuel Vásquez Chauan, após as defesas dos três não apresentaram recursos depois da decisão à revelia do Tribunal de Apelação de Roma em julho de 2019.
Segundo relatos, a Promotoria de Roma já enviou mandados de prisão ao governo chileno contra Valderrama, Vásquez e Chauan, que foram condenados pelo assassinato e desaparecimento dos italianos Omar Venturelli e Juan Josè Montiglio, em 1973.
Os outros 21 militares da Bolívia, Chile, Uruguai e Peru condenados em primeira instância em 2019 ainda terão que aguardar um veredicto final na audiência no Tribunal de Cassação marcada para o próximo dia 8 de julho.
Para este grupo, a sentença havia sido decidida em um recurso que anulou o veredicto de primeira instância, sendo concluído com oito penas de prisão perpétua e 19 absolvições.
O veredicto final é especialmente importante para o único réu que atualmente reside na Itália, o ex-militar uruguaio Jorge Néstor Troccoli, 69 anos, que fugiu da Justiça de seu país em 2007.
Janaina Cesar/Opera Mundi
Processo na Itália teve início em 1999 com a denúncia de alguns parentes de cidadãos desaparecidos
O processo na Itália teve início em 1999 com a denúncia de alguns parentes de cidadãos desaparecidos, um ano após a prisão do ditador chileno Augusto Pinochet, após uma investigação do juiz espanhol Baltasar Garzón.
A Operação Condor foi idealizada por Pinochet e coordenou a repressão à oposição política entre 1970 e 1980, com apoio das ditaduras de Chile, Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Bolívia.
O caso está sendo analisado há mais de 20 anos e inicialmente investigava 140 pessoas, incluindo 11 brasileiros, 59 argentinos e seis paraguaios, mas problemas burocráticos ligados à morte de muitos suspeitos reduziram os números de réus, que se resumiram a representantes de Chile, Bolívia, Peru e Uruguai.
Além dos três condenados e de dois já falecidos – o ex-ministro do Interior da Bolívia Luis Arce Gómez e o uruguaio José Horacio “Nino” Gavazzo Pereira -, aguardam o julgamento outros três peruanos: o ex-presidente Francisco Morales Bermúdez e os ex-militares Germán Ruiz Figueroa e Martín Martínez Garay.
Já os chilenos são sete: Hernán Jerónimo Ramírez, Pedro Octavio Espinoza Bravo, Daniel Aguirre Mora e Carlos Luco Astroza.
O maior grupo é o dos uruguaios, que totaliza 13 condenados: José Ricardo Arab Fernández, Juan Carlos Larcebeau Aguirregaray, Pedro Antonio Mato Narbondo, Luis Alfredo Maurente Mata, Ricardo José Medina Blanco, Ernesto Abelino Ramas Pereira, José Sande Lima, Jorge Alberto Silveira Quesada, Ernesto Soca, Gilberto Vázquez Bissio e Juan Carlos Blanco.