O Itamaraty publicou nesta quarta-feira (06/11) um comunicado no qual diz condenar os testes balísticos realizados recentemente pela Coreia do Norte, primeiro com mísseis intercontinentais (em 31/10) e depois com mísseis de curto alcance (na última terça-feira, 05/11).
Segundo a diplomacia brasileira, “os lançamentos violam resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), que exigem que a República Popular Democrática da Coreia cesse todas as atividades relacionadas a seu programa de mísseis balísticos”.
Essa postura, porém, contrasta com o fato de que os Estados Unidos também realizaram um teste com míssil balístico intercontinental nesta terça-feira, além de um exercício em conjunto com Japão e Coreia do Sul, no último domingo (03/11), episódios que não geraram nenhum tipo de reação por parte do Ministério das Relações Exteriores brasileiro, ao menos até o momento.
No comunicado sobre os testes realizados pela Coreia do Norte, o Brasil “insta os atores envolvidos no conflito coreano) a se absterem de qualquer ação que possa agravar as tensões na região e a retomarem a via do diálogo para a desnuclearização da península coreana”.
“O Brasil lembra que somente o engajamento político e diplomático permitirá alcançar o objetivo de uma península coreana estável, pacífica e livre de armas nucleares”, diz a nota.
A reportagem de Opera Mundi entrou em contato com o Ministério das Relações Exteriores sobre o porquê de episódios semelhantes terem tratamento distinto, mas até o momento não obteve resposta.
Testes da Coreia do Norte
A Coreia do Norte realizou um teste balístico no dia 31 de outubro, com o lançamento de um míssil intercontinental em direção à costa leste da Península Coreana, e voltou a fazer uma prova na terça-feira (05/11), usando mísseis de curto alcance.
Segundo a agência estatal norte-coreana KCNA, o míssil balístico intercontinental (ICBM), utilizado nos testes feitos há uma semana, continha uma nova arma conhecida como Hwaseong-19.
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A mídia norte-coreana não informou a localização do lançamento, mas disse que os testes foram feitos após a ordem do presidente Kim Jong Un para que o país realizasse “provas cruciais” sobre seu poder de fogo.
A KCNA também reportou que o Hwaseong-19 atingiu uma altitude máxima de 7,6 mil metros e percorreu uma distância de pouco mais de mil quilômetros em cerca de cinco mil segundos (uma hora e 26 minutos) “antes de aterrissar na área predefinida em águas abertas”.
Essas estatísticas estão alinhadas com as relatadas pelos governos da Coreia do Sul e do Japão, e confirmam que o voo do Hwaseong-19 atingiu um apogeu recorde. Nenhum outro ICBM norte-coreano voou tão alto.
O segundo teste realizado pela Coreia do Norte ocorreu nesta terça-feira, e utilizou diversos mísseis de curto alcance disparados quase simultaneamente.
Em entrevista à KCNA sobre esse segundo lançamento, Kim Yo Jong, irmã do líder norte-coreano Kim Jong Un, enfatizou “a legitimidade e a urgência da linha de fortalecimento das forças nucleares que escolhemos e estamos implementando”.
Teste e exercício militar dos EUA
No domingo (03/11), três dias depois do teste norte-coreano com um míssil intercontinental, os Estados Unidos realizaram um exercício militar conjunto com Japão e Coreia do Sul, no espaço aéreo ao norte da ilha de Jeju, no sul da Coreia do Sul.
O procedimento utilizou caças B-1B da Força Aérea norte-americana. Foi a quarta vez, neste ano de 2024, que esse bombardeiro estratégico foi posicionado ao redor da Península Coreana e a segunda vez que as três nações realizam um exercício militar em conjunto – o primeiro aconteceu em fevereiro.
Na noite de terça-feira (05/11), no mesmo dia em que se realizaram as eleições presidenciais do país e poucas horas depois do teste norte-coreano com mísseis de curto alcance, os Estados Unidos testaram um míssil nuclear hipersônico. O lançamento foi feito minutos depois do fechamento das urnas no país.
Segundo o diário Daily Mail, o teste norte-americano utilizou um míssil balístico intercontinental (ICBM) Minuteman III, que foi lançado da Base da Força Espacial de Vandenberg, na Califórnia.
No exercício, o ICBM percorreu 4,2 mil milhas da base até o Atol de Kwajalein, uma pequena ilha no Pacífico Norte, em cerca de 22 minutos – a arma pode atingir velocidades superiores a 15 mil milhas por hora, o que lhe permite atingir qualquer alvo em todo o mundo em apenas 30 minutos após o lançamento.
As autoridades militares norte-americanas disseram em comunicado que “se trata de um teste de rotina, que estava programado com anos de antecedência”.
“O objetivo foi mostrar a prontidão das nossas forças nucleares e reforçar a confiança da população na nossa capacidade dissuasão nuclear”.
Leia a íntegra da nota do Itamaraty sobre o lançamento do míssil norte-coreano:
O governo brasileiro condena os lançamentos de míssil balístico intercontinental (ICBM), no dia 31/10, e de mísseis balísticos de curto alcance, no dia 5/11, pela República Popular Democrática da Coreia (RPDC).
Os lançamentos violam resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), que exigem que a RPDC cesse todas as atividades relacionadas a seu programa de mísseis balísticos.
O Brasil lembra que somente o engajamento político e diplomático permitirá alcançar o objetivo de uma península coreana estável, pacífica e livre de armas nucleares.
Insta, além disso, os atores envolvidos a se absterem de qualquer ação que possa agravar as tensões na região e a retomarem a via do diálogo para a desnuclearização da península coreana.