O ex-ministro japonês da Defesa e Agricultura Shigeru Ishiba venceu nesta sexta-feira (27/09) a eleição interna para assumir a liderança do partido que governa o país, o Partido Liberal Democrático (PLD). Com a vitória, ele substituirá Fumio Kishida no cargo de primeiro-ministro do Japão.
Esta foi a quinta vez que Ishiba, 67 anos, disputou a liderança da legenda. Na votação, ele recebeu 215 votos e sua concorrente, a atual ministra da Segurança Econômica, Sanae Takaichi, 63 anos, ficou com 194 votos. A política conservadora queria ser a primeira mulher a governar o Japão.
O recorde de nove candidaturas foi registrado para a disputa interna do PLD, abalado nos últimos meses por um escândalo de financiamento irregular.
Depois de anunciar sua vitória na sede da legenda em Tóquio, Ishiba agradeceu, emocionado, aos apoiadores.
“Farei o máximo para acreditar nas pessoas, para falar a verdade com coragem e sinceridade e para fazer deste país um lugar seguro, no qual todos possam viver com um sorriso no rosto novamente”, afirmou, em um breve discurso.
Shigeru Ishiba já havia disputado o cargo quatro outras vezes. Em uma delas, em 2012, foi derrotado pelo nacionalista Shinzo Abe, que se tornaria o primeiro-ministro mais longevo na história do país. O premiê foi assassinado em 2022.
Fã de maquetes militares e dos ídolos pop dos anos 1970, o político veterano já foi titular das pastas da Defesa e da Agricultura e destaca sua experiência de gestão como sua principal virtude.
Atitude de “justiça e equidade”
Com o PLD afetado por vários escândalos que geram descontentamento da população, “a tendência é favorável a Ishiba e sua atitude de ‘justiça e equidade'”, disse Yu Uchiyama, professor de Ciências Políticas na Universidade de Tóquio, antes da votação.
O PLD governa o país de forma quase ininterrupta há várias décadas e possui ampla maioria no Parlamento, o que significa que Ishiba deverá ser eleito primeiro-ministro formalmente na próxima terça-feira (01/10).
Entre os desafios do futuro premiê, estão as ameaças à segurança regional, com a China cada vez mais firme em sua política externa e mais próxima da Rússia, além dos frequentes testes de mísseis da Coreia do Norte. No âmbito doméstico, ele terá a missão de estimular a economia e atenuar os efeitos da inflação e da desvalorização do iene, que encareceu as importações.
Kishida deixa o cargo sob impopularidade crescente
A atual ministra da Segurança Econômica, Sanae Takaichi, ficou em segundo lugar na eleição interna do PLD, sendo apontada como a preferida da ala mais conservadora do PLD. Takaichi era próxima de Abe, cujos seguidores ainda têm grande influência na legenda. O terceiro colocado foi o ex-ministro do Meio Ambiente Shinjiro Koizumi, surfista e filho do ex-premiê Junichiro Koizumui.
Os líderes do PLD permanecem no cargo por três anos e podem exercer até três mandatos consecutivos. O atual primeiro-ministro, o impopular Fumio Kishida, não disputou a reeleição.
Durante seu mandato, Kishida adotou medidas para dobrar os gastos na área de Defesa. A iniciativa abriu as portas para as exportações militares e para os objetivos do PLD de reformar a Constituição japonesa, pacifista, redigida após a Segunda Guerra Mundial.
Fumio Kishida recebeu o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky na reunião de cúpula do G7 em Hiroshima, em maio de 2023, e reforçou os laços do país com a Coreia do Sul. Seu mandato foi marcado por escândalos, pela irritação dos eleitores com o aumento dos preços e sua crescente impopularidade nas pesquisas.