Segunda-feira, 7 de julho de 2025
APOIE
Menu

O ex-ministro japonês da Defesa e Agricultura Shigeru Ishiba venceu nesta sexta-feira (27/09) a eleição interna para assumir a liderança do partido que governa o país, o Partido Liberal Democrático (PLD). Com a vitória, ele substituirá Fumio Kishida no cargo de primeiro-ministro do Japão. 

Esta foi a quinta vez que Ishiba, 67 anos, disputou a liderança da legenda. Na votação, ele recebeu 215 votos e sua concorrente, a atual ministra da Segurança Econômica, Sanae Takaichi, 63 anos, ficou com 194 votos. A política conservadora queria ser a primeira mulher a governar o Japão.

O recorde de nove candidaturas foi registrado para a disputa interna do PLD, abalado nos últimos meses por um escândalo de financiamento irregular.

Receba em primeira mão as notícias e análises de Opera Mundi no seu WhatsApp!
Inscreva-se

Depois de anunciar sua vitória na sede da legenda em Tóquio, Ishiba agradeceu, emocionado, aos apoiadores.

“Farei o máximo para acreditar nas pessoas, para falar a verdade com coragem e sinceridade e para fazer deste país um lugar seguro, no qual todos possam viver com um sorriso no rosto novamente”, afirmou, em um breve discurso.

Shigeru Ishiba já havia disputado o cargo quatro outras vezes. Em uma delas, em 2012, foi derrotado pelo nacionalista Shinzo Abe, que se tornaria o primeiro-ministro mais longevo na história do país. O premiê foi assassinado em 2022.

Fã de maquetes militares e dos ídolos pop dos anos 1970, o político veterano já foi titular das pastas da Defesa e da Agricultura e destaca sua experiência de gestão como sua principal virtude.

Reprodução/Kim Kyung-Hoon
O ex-ministro da Defesa do Japão, Shigeru Ishiba, de direita, assumirá oficialmente o cargo de primeiro-ministro em 1º de outubro
Atitude de “justiça e equidade”

Com o PLD afetado por vários escândalos que geram descontentamento da população, “a tendência é favorável a Ishiba e sua atitude de ‘justiça e equidade'”, disse Yu Uchiyama, professor de Ciências Políticas na Universidade de Tóquio, antes da votação.

O PLD governa o país de forma quase ininterrupta há várias décadas e possui ampla maioria no Parlamento, o que significa que Ishiba deverá ser eleito primeiro-ministro formalmente na próxima terça-feira (01/10).

Entre os desafios do futuro premiê, estão as ameaças à segurança regional, com a China cada vez mais firme em sua política externa e mais próxima da Rússia, além dos frequentes testes de mísseis da Coreia do Norte. No âmbito doméstico, ele terá a missão de estimular a economia e atenuar os efeitos da inflação e da desvalorização do iene, que encareceu as importações. 

Kishida deixa o cargo sob impopularidade crescente

A atual ministra da Segurança Econômica, Sanae Takaichi, ficou em segundo lugar na eleição interna do PLD, sendo apontada como a preferida da ala mais conservadora do PLD. Takaichi era próxima de Abe, cujos seguidores ainda têm grande influência na legenda. O terceiro colocado foi o ex-ministro do Meio Ambiente Shinjiro Koizumi, surfista e filho do ex-premiê Junichiro Koizumui.

Os líderes do PLD permanecem no cargo por três anos e podem exercer até três mandatos consecutivos. O atual primeiro-ministro, o impopular Fumio Kishida, não disputou a reeleição.

Durante seu mandato, Kishida adotou medidas para dobrar os gastos na área de Defesa. A iniciativa abriu as portas para as exportações militares e para os objetivos do PLD de reformar a Constituição japonesa, pacifista, redigida após a Segunda Guerra Mundial.

Fumio Kishida recebeu o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky na reunião de cúpula do G7 em Hiroshima, em maio de 2023, e reforçou os laços do país com a Coreia do Sul. Seu mandato foi marcado por escândalos, pela irritação dos eleitores com o aumento dos preços e sua crescente impopularidade nas pesquisas.