O ex-líder do Partido Trabalhista do Reino Unido Jeremy Corbyn, de 75 anos, concorreu como candidato independente nas eleições gerais e garantiu sua reeleição. Com mandado de deputado desde 1983, ele concorreu mais uma vez pelo distrito de Islington North, que elege parlamentares trabalhistas desde 1937, com a escrita sendo quebrada agora.
Ele enfrentou o vereador Praful Nargund, candidato pela sua ex-legenda e que figurava como favorito nas pesquisas. Corbyn conquistou 24.120 dos votos, contra 16.873 de Nargund.
A eleição teve participação de 67.5% no distrito, estimada em aproximadamente 60% no geral, o que seria o menor comparecimento às urnas desde 2001, quando foi de 59,4%.
Corbyn foi impedido de se candidatar pelo Partido Trabalhista em março de 2023 pelo agora primeiro-ministro Keir Starmer, mas anunciou logo após a convocação das eleições que se candidataria como independente, o que causou sua expulsão da legenda.
Vale recordar que ele já estava suspenso desde 2020 da sigla por ter questionado o resultado de uma investigação sobre antissemitismo que ocorreu dentro do Partido Trabalhista.
Ao ser questionado se Starmer será um bom primeiro-ministro, Corbyn foi cético: “bem, vamos ver o que acontece”. Para ele, o líder do partido não oferece uma “alternativa econômica séria ao que o governo conservador está fazendo” e afirmou que as demandas do povo “serão enormes”.
Sobre a campanha deste ano, disse que foi “positiva” e que estava orgulhoso de seu eleitorado defender uma “política mais gentil, mais amável e mais inclusiva”.
“Não poderia estar mais orgulhoso do meu eleitorado do que estou esta noite e orgulhoso da nossa equipe que trouxe este resultado. Muito obrigado Islington North pelo resultado que alcançamos esta noite”, declarou.
De acordo com o jornal britânica Guardian, a campanha de Corbyn enfrentou dificuldades de superar as comparações entre ele e o partido, já que alguns eleitores pareciam não saber que ele não era candidato pelos Trabalhistas.
“A campanha de Corbyn contou com voluntários de todo o Reino Unido vindo para apoiar os esforços de bater de porta em porta”, apontou o periódico.
Trabalhistas triunfam
Com uma vitória avassaladora, o líder trabalhista Starmer recebeu oficialmente nesta sexta-feira (05/07) do rei Charles III o encargo de formar um novo governo no Reino Unido. Durante primeiro discurso, disse que o país “está pronto para a mudança” e promete um governo de “renovação nacional”.
Até o momento, o Partido Trabalhista obteve 412 dos 650 assentos na Câmara dos Comuns, mais que o dobro do último pleito, em 2019.
Para os Trabalhistas, esta é a segunda maior vitória na história, desde o recorde estabelecido nas eleições de 1997, quando conquistou 418 assentos sob a liderança de Tony Blair.
Ataques de Israel a Gaza e as eleições britânicas
Um dos pontos-chave da campanha de Corbyn foi a oposição aos ataques israelenses a Gaza. O Partido Trabalhista enfrentou hostilidade pela sua postura quando, em outubro de 2023, Starmer disse em uma entrevista que Israel tinha “o direito” de reter o abastecimento de energia e água de Gaza. Depois, o líder trabalhista buscou explicar seus comentários, dizendo que se tratava do direito do país à autodefesa. Em fevereiro, a legenda pediu um “cessar-fogo humanitário imediato”.
O site Politico aponta que quatro candidatos trabalhistas foram derrotados por independentes que concentraram suas campanhas em eventos no Oriente Médio.
Entre os derrotados está Jonathan Ashworth, um aliado de alto escalão de Starmer que provavelmente teria ocupado um cargo importante no governo. Ele foi derrotado em Leicester Sul, um distrito eleitoral que representava desde 2011, por Shockat Adam, que celebrou sua vitória dizendo: “isto é por Gaza”.
(*) Com Revista Fórum.