O ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter completou 100 anos nesta terça-feira (01/10), tornando-se o mais longevo da história do país. Sua trajetória política é marcada por eventos que refletiram, para o bem e para o mal, a política norte-americana no cenário global.
Conforme noticiado pelo jornal New York Times, a comemoração ocorreu em sua cidade natal, Plains, no estado da Geórgia, onde ele entrou em cuidados paliativos em sua casa no ano passado.
O presidente que perdoou os desertores da Guerra do Vietnã
Durante seu mandato, que se estendeu de 1977 a 1981, Carter enfrentou uma série de desafios internos e externos. Sua presidência foi caracterizada pela estagnação econômica e pela inflação, problemas que ele tentou mitigar sem sucesso.
Além disso, seu perdão aos desertores da Guerra do Vietnã, embora tenha encerrado um capítulo difícil na política externa, não foi suficiente para curar as feridas deixadas pelo conflito, em grande parte perdido pelos norte-americanos.
Carter também criou o Departamento de Energia e o Departamento de Educação, refletindo esforços para abordar questões críticas, embora o impacto dessas iniciativas tenha sido limitado. Sua nova política nacional de energia, que incluía conservação e investimentos em tecnologias, mostrou-se como um esforço tardio incapaz de resolver os problemas estruturais da economia dos EUA.
Ainda, eventos como o acidente na usina nuclear de Three Mile Island e a invasão soviética do Afeganistão intensificaram as tensões da Guerra Fria, levando Carter a adotar uma postura mais rígida em relação à União Soviética, o que, por sua vez, culminou no boicote dos EUA aos Jogos Olímpicos de 1980.
Além disso, os últimos dois anos de sua administração foram ofuscados por eventos significativos, como a Crise dos Reféns no Irã e a crise energética de 1979, que expuseram a vulnerabilidade dos EUA no cenário global.
O fim de seu mandato
Naquele mesmo ano de 1980, o ex-presidente enfrentou um desafio à sua nomeação pelo Partido Democrata por Ted Kennedy, mas permaneceu como candidato à reeleição, acabando por perder para o republicano Ronald Reagan.
Embora algumas pesquisas indiquem que historiadores reavaliam seu legado de forma mais favorável após sua saída da Casa Branca, as ações de Carter durante sua presidência geraram críticas substanciais.
Em 1982, ele lançou o Carter Center, uma organização de caridade que busca promover os direitos humanos e a saúde pública globalmente.
“Eu acho que ele tem um legado complicado, mas que se resume, para mim e acredito que para ele também, ao fato de ter vivido sua fé e o mandamento de amar o próximo como a si mesmo de uma maneira que o fez respeitar as pessoas”, afirmou Jason Carter, neto do ex-presidente, à rede de televisão local 11Alive.