Sexta-feira, 18 de abril de 2025
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O editor-chefe da revista Atlantic, Jeffrey Goldberg, incluído acidentalmente pelo conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Mike Waltz, em um grupo do alto escalão do governo Trump no aplicativo de mensagens Signal, publicou nesta quarta-feira (26/03) “os planos de guerra” dos EUA contra os houthis do Iêmen, os quais teve acesso na conversa privada.

Segundo o jornalista, a decisão foi tomada depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o secretário da Defesa, Pete Hegseth, e os líderes da inteligência afirmaram que não havia planos de guerra ou material confidencial no chat.

Em resposta, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que “aqueles não eram planos de guerra” e que “toda esta história é outra farsa escrita por um ‘odiador’ de Trump, conhecido pela sua retórica sensacionalista”, referindo-se ao jornalista.

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Assim, a revista The Atlantic publicou capturas de tela das mensagens enviadas entre funcionários de alto escalão do governo Trump, incluindo o secretário de Defesa; o vice-presidente, J.D Vance; e o secretário de Estado, Marco Rubio, detalhando o momento e os objetivos dos ataques militares contra os houthis, no Iêmen.

A reportagem argumenta que a narrativa da Casa Branca sobre o vazamento das informações justifica uma divulgação tão completa quanto possível.

Além disso, afirma haver “um claro interesse público na divulgação deste tipo de informação em que os conselheiros de Trump incluíram em canais de comunicação não seguros”, especialmente porque figuras do alto escalão da administração “estão tentando minimizar o significado das mensagens que foram compartilhadas”.

Nem todas as mensagens foram publicadas (a revista optou por não divulgar o nome de um agente da CIA que serviu como chefe de gabinete do diretor da agência, John Ratcliffe), mas a The Atlantic revelou a maior parte delas em formato de imagem.

As conversas mostram informações detalhadas sobre os tipos de aeronaves usadas para atacar os houthis e o momento do ataque.

Também foram reveladas as opiniões sinceras de altos funcionários da administração Trump, incluindo Vance, Hegseth e o conselheiro de Segurança Nacional Mike Waltz. Durante um momento da conversa, as autoridades ironizam a Europa, cujo líderes estariam “se aproveitando” dos esforços dos EUA.

“Eu simplesmente odeio ter que salvar a Europa de novo”, escreveu o usuário identificado como o vice-presidente. Em resposta, Hegseth foi enfático: “Compartilho totalmente seu desprezo pelo parasitismo europeu. É patético”.

A Atlantic informou ainda que Vance também levantou preocupações sobre o momento da ofensiva e enfatizou seu desejo de adiá-la por um mês.

“Não tenho certeza se o presidente está ciente de quão inconsistente isso é com sua mensagem sobre a Europa agora. Há um risco adicional de vermos um aumento de moderado a severo nos preços do petróleo”, escreveu a conta, antes de dizer que estava disposto a apoiar o consenso do grupo.

U.S. Navy photo by Mass Communication Specialist 2nd Class Aaron Lau/Wikicommons
Conversas mostram informações detalhadas sobre tipos de aeronaves usadas para atacar houthis e momento do ataque

Conselheiro de Trump assume erro, mas ataca jornalista

O conselheiro de Segurança Nacional dos EUA assumiu, na última terça-feira (25/03), “total responsabilidade” por ter inserido Goldberg na conversa confidencial sobre os planos de um ataque militar ao Iêmen.

Em uma entrevista à Fox News, o funcionário de Donald Trump admitiu que “estava errado” ao pensar que se tratava de “outra pessoa”, mas também insinuou que Golberg “de alguma forma conseguiu entrar no grupo Signal”.

“Assumo total responsabilidade. Eu criei o grupo. É vergonhoso. Vamos chegar ao fundo disso”, afirmou.

Waltz negou conhecer Goldberg, dizendo que “não o reconheceria se esbarrasse nele ou o visse em uma fila de policiais”. Na sequência, ele começou a atacar a reputação do jornalista.

“Posso te assegurar, com 100% de certeza, que eu não o conheço. Eu o conheço por sua péssima reputação e que faz parte da escória do jornalismo. Eu o conheço neste sentido. Ele odeia o presidente, mas eu não escrevo para ele. Não estava no meu telefone”, declarou.

“Você já teve o contato de alguém que mostra o nome e então você tem o número de outra pessoa? É claro que não vi esse perdedor no grupo. Parecia outra pessoa. A pessoa que eu achava que estava lá nunca esteve lá”, concluiu ele, recusando-se a revelar quem acreditava que estava no grupo em vez de Goldberg.

Em meio aos boatos sobre uma possível renúncia ou demissão, Waltz chegou a ser defendido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “Michael Waltz aprendeu a lição e ele é um bom homem”, declarou o republicano em uma entrevista à NBC News.

O republicano disse ainda que a situação foi “o único contratempo em dois meses, e acabou não sendo nada sério”.

Contudo, segundo o jornal Político, citando um alto funcionário do governo dos EUA, havia dito que Waltz poderia ter que renunciar após o episódio. Na publicação, a fonte relatou que os membros da equipe de Trump haviam trocado mensagens sobre o que fazer com o futuro do conselheiro de Segurança Nacional.

Até o momento, porém, não há nada oficial e autoridades da Casa Branca alertaram que o republicano tomará a decisão final nos próximos dois dias, para ter tempo de avaliar os efeitos midiáticos do caso.

(*) Com Ansa