Domingo, 11 de maio de 2025
APOIE
Menu

O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, respondeu neste domingo (22/12) às declarações do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que afirmavam que Washington deveria reassumir o controle do Canal do Panamá.

“Como presidente, quero expressar precisamente que cada metro quadrado do Canal do Panamá e sua área adjacente pertence ao Panamá e continuará a sê-lo: a soberania e a independência do nosso país não são negociáveis”, afirmou Mulino, por meio de um comunicado oficial.

Da mesma forma, relembrou que os Acordos Torrijos-Carter de 1977 estabeleceram a dissolução da antiga região do Canal sob controle dos Estados Unidos, reconhecendo a soberania do Panamá e a transferência total do canal, que culminou em 31 de dezembro 1999.

Receba em primeira mão as notícias e análises de Opera Mundi no seu WhatsApp!
Inscreva-se

“Desde então não houve esforços nem reclamações, pelo contrário, tem sido fonte de forte apoio internacional e orgulho nacional”, declarou Mulino, que garantiu que a hidrovia funcionou e se expandiu por decisão do Panamá e hoje é um enorme recurso que contribui para a economia com bilhões de dólares anualmente.

Por outro lado, o presidente do Panamá acrescentou que os acordos “também estabeleceram a neutralidade permanente do Canal, garantindo o seu funcionamento aberto e seguro para todas as nações, um tratado que obteve a adesão de mais de 40 estados”.

“Qualquer posição contrária carece de validade ou apoio na face da Terra”, enfatizou Mulino. “Nosso canal tem a missão de servir a humanidade e seu comércio, esse é um dos grandes valores que os panamenhos oferecem ao mundo, dando uma garantia à comunidade internacional de não participar ou ser parte ativa em nenhum conflito”, enfatizou.

Da mesma forma, especificou que “desde que o Canal cresceu em mãos panamenhas, tem sido gerido por profissionais qualificados, que com regras claras se encarregam da sua operação, conservação e manutenção, garantindo a sua operação segura, contínua, eficiente e rentável”.

violinha/Flickr
Canal do Panamá, responsável por quase 5% do comércio marítimo mundial, é peça-chave para transporte de mercadorias entre oceanos Atlântico e Pacífico
Ameaça de Trump

Trump reacendeu tensões diplomáticas ao declarar, no último sábado (21/12), que os Estados Unidos deveriam reassumir o controle do Canal do Panamá. Na plataforma Truth Social, o norte-americano acusou o país de cobrar taxas excessivas e afirmou que não deixaria o canal cair em “mãos erradas”, em referência à China.

As declarações, feitas na plataforma Truth Social, foram criticadas por políticos panamenhos e pela Frente Nacional pela Defesa dos Direitos Econômicos e Sociais (Frenadeso). Em nota divulgada também neste domingo (22/12), o movimento classificou a ameaça como uma “grave violação do direito internacional”.

O Frenadeso destaca que a gestão do canal, recuperada em 1999, é fruto de uma longa luta pela soberania do Panamá. A entidade denunciou que Trump busca justificar sua intervenção com base em tarifas “ridículas” e na presença da China no comércio marítimo panamenho.

“Este fato é extremamente preocupante dado o seu interesse em violar o direito internacional, em agitar ainda mais graves conflitos geopolíticos e continuar usando nosso país como rampa de agressão contra outros povos com a conivência de governos e grupos extremistas direita da região e oligárquica como a do Panamá”, diz o texto.

“Diante desta situação, apelamos às pessoas e às suas organizações para que se declarem em estado de alerta máximo, pronto para lutar e fazer os sacrifícios que forem necessários para a defesa da Pátria e dos interesses populares. Pedimos aos povos do mundo a sua solidariedade nesta batalha que estamos a travar”, pede o comunicado.

O Canal do Panamá, responsável por quase 5% do comércio marítimo mundial, é peça-chave para o transporte de mercadorias entre os oceanos Atlântico e Pacífico. Em 2024, completam-se 25 anos desde a reversão total do controle do canal para o Panamá, um marco de sua independência e autonomia.

(*) Com Brasil de Fato e TeleSUR