O Chile vive um tenso período pré-eleitoral. À escolha da presidência – ocupada por Michelle Bachelet – somam-se as eleições parlamentares, que renovarão ou perpetuarão determinadas figuras no Congresso Nacional.
Em meio a este momento decisivo, misturam-se três forças em busca do mais alto cargo do país: além da Concertación, coligação que reúne os partidos Socialista, de Bachelet, e Democrata Cristão, representada hoje pelo ex-presidente Eduardo Frei, rivalizam também a coligação de direita (UDI-RN), encabeçada pelo rico empresário Sebastian Piñera e a nova sensação do cenário político chileno, o jovem deputado socialista do PS Marco Enríquez-Ominami, que pretende se lançar como candidato independente.
Após quatro mandatos consecutivos desde a redemocratização do Chile, em 1990, a Concertación vive uma crise interna que põe em risco sua continuidade no comando do país. Desde a confirmação de seu nome, Eduardo Frei não conseguiu reverter a desvantagem nas pesquisas de opinião e aparece hoje em terceiro lugar nas intenções de voto, com 22%, segundo pesquisa feita pela TNS-Time no mês de maio.
Na liderança, com 35%, está Sebastian Piñera, do partido Renovación Nacional, integrante da coligação de direita com o UDI (Unión Democrata Independiente). O bloco parece se beneficiar do mau momento pelo qual a Concertación passa e aos poucos começa a ganhar terreno político.
O maior problema da candidatura de Frei reside na falta de consenso dentro da própria coligação, que desencadeou a migração de importantes figuras socialistas e dessa forma, deu margem, inclusive, à aparição de candidaturas independentes. O que é o caso de Marco Enríquez-Ominami, que reúne atualmente 26% das intenções de voto.
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Novo rosto
Formado em Filosofia e filho do histórico líder do MIR (Movimento de Esquerda Revolucionária), Miguel Enríquez, Marco Enríquez-Ominami, 35 anos, entra na corrida presidencial com a intenção de trazer novos ares à política chilena. Seu nome atrai, por um lado, receio e, por outro, adesões.
Para o cientista político Patricio Navia, a candidatura de Marco Enríquez-Ominami “trará um ar de renovação com uma campanha que evidencia o envelhecimento de uma classe política da transição chilena”.
Na opinião da economista e diretora do Latinobarometro Marta Lagos, se a ascensão de Enríquez-Ominami se consolidar, então, o país estaria diante de uma verdadeira revolução, embora sua análise e conhecimento eleitorais não “considerem que exista tal fenômeno”.
No entanto, a candidatura de Enríquez-Ominami ainda é incerta. O político precisa reunir 36,037 assinaturas de pessoas não afiliadas a partidos políticos para se lançar como candidato independente – o prazo para a entrega das firmas é 12 de julho.
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