O presidente recém-eleito do Líbano, Joseph Aoun, convocou nesta segunda-feira (13/01) o juiz que preside a Corte Internacional de Justiça (CIJ) em Haia, Nawaf Salam, para exercer o cargo de primeiro-ministro após a maioria dos deputados terem indicado o nome.
De acordo com a informação anunciada pela Presidência libanesa, Salam, que atualmente está fora do país e deverá retornar na terça-feira (14/01), garantiu o apoio de 84 dos 128 parlamentares durante as consultas desta manhã.
Além de Salam, outros nomes eram cotados para o cargo, como o atual primeiro-ministro Najib Mikati e o parlamentar anti-Hezbollah Fouad Makhzoumi. Entretanto, Mikati teve apenas nove dos votos, enquanto foram registradas 33 abstenções.
“O presidente da República instruiu o Juiz Nawaf Salam a formar um governo, mesmo sabendo que ele está atualmente no exterior”, confirmou a Presidência, em nota.
Segundo a emissora catari Al Jazeera, o anúncio desta segunda-feira “reflete a posição enfraquecida do grupo libanês Hezbollah, que queria que o primeiro-ministro interino Najib Mikati mantivesse o cargo após sua guerra devastadora com Israel e a derrubada do aliado do grupo, Bashar al-Assad, na Síria, no mês passado”.

O juiz Nawaf Salam, nomeado primeiro-ministro do Líbano, exerce a 27ª Presidência da Corte Internacional da Justiça (CIJ), em Haia
Inicialmente, os parlamentares do Hezbollah haviam pedido a Aoun para que adiasse a reunião para terça-feira, o que não ocorreu por decisão do próprio chefe de Estado libanês. Em entrevista à imprensa fora do palácio presidencial em Baabda, o líder do bloco, Mohammad Raad afirmou que a mudança para designar Salam semeava uma “divisão” no país.
A eleição recente de Aoun e a nomeação de Salam marcam o fim de um impasse de mais de dois anos com um vácuo presidencial no Líbano, sendo administrado por um governo interno.
Salam é amplamente visto como um reformista e é muçulmano sunita – reflexo da Constituição de 1926 do país e o Pacto Nacional de 1943, ao fim da Guerra Civil, quando foi acordado que os principais cargos seriam distribuídos de acordo com as linhas étnicas presentes no país. Ele já havia sido candidato para o mesmo cargo duas vezes nos anos anteriores.
O juiz ganhou destaque internacional no ano passado depois de ser eleito chefe da CIJ, liderando o caso no qual a África do Sul acusou Israel de cometer genocídio contra os palestinos na Faixa de Gaza.
(*) Com Ansa