A Alta Corte de Justiça de Londres reverteu nesta sexta-feira (10/12) uma decisão de primeiro grau que negava a extradição do jornalista e ativista australiano Julian Assange para os Estados Unidos.
O tribunal acolheu um recurso do governo norte-americano, que deseja levar o fundador do WikiLeaks a julgamento nos EUA pela publicação de documentos secretos.
No início de janeiro, a juíza Vanessa Baraitser havia negado a extradição de Assange com o argumento de que ele estaria sob risco de suicídio no rígido sistema penitenciário dos Estados Unidos, mas a Alta Corte aceitou garantias do governo norte-americano sobre o futuro tratamento ao australiano na cadeia.
“O risco, no nosso julgamento, foi excluído pelas garantias oferecidas”, disse o juiz e chefe de Justiça da Inglaterra e do País de Gales, lorde Ian Burnett. Uma das garantias apresentadas pelos EUA é de que o país vai permitir que Assange cumpra uma eventual pena na Austrália.
O fundador do WikiLeaks, que segue preso em uma penitenciária de segurança máxima, embora não exista hoje nenhuma acusação contra ele no Reino Unido, ainda pode recorrer. “Vamos apelar contra essa decisão assim que for possível”, disse a noiva do ativista, a advogada Stella Moris.
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Fundador do WikiLeaks segue preso em uma penitenciária de segurança máxima no Reino Unido
Assange foi denunciado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos por “conspirar” com a ex-analista militar Chelsea Manning e por receber e publicar informações confidenciais.
Após passar sete anos na Embaixada do Equador em Londres, Assange teve o seu asilo rejeitado pelo governo equatoriano e foi preso em abril de 2019.
O fundador do Wikileaks tornou público diversos crimes de guerra cometidos pelo Exército norte-americano nas invasões ao Iraque e ao Afeganistão. Por isso, pode responder por espionagem e conspiração nos EUA.
Ao todo, são 18 acusações, que podem render uma pena de até 175 anos ao jornalista. Autoridades norte-americanas teriam dado garantias verbais ao Reino Unido de que Assange não corre risco de ser condenado à pena de morte, nos EUA.
(*) Com Ansa.