A Justiça espanhola negou a concessão de liberdade ao ativista político espanhol Ángel Carromero, condenado a quatro anos de prisão em Cuba pela morte dos dissidentes cubanos Oswaldo Payá e Harold Cepero, ocorrida em 2012, em um acidente automobilístico. Ele cumpre a pena na Espanha em liberdade.
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Em um comunicado público divulgado nesta quarta-feira (04/09), a câmara penal da Audiência Nacional se opôs à concessão de um indulto ao ex-dirigente da Juventude do PP (Partido Popular, de direita, atualmente no governo). A câmara afirma que, ao estudar o pedido da Defesa, “não encontrou razões jurídicas, de equidade ou conveniência, para conceder o indulto”.
A corte acrescentou que os fatos que o levaram à condenação em Cuba estão todos previstos no ordenamento jurídico espanhol “com entidade análoga” e se refletem também nos próprios antecedentes administrativos relativos à comissão de infrações relacionadas com a segurança e que acarretaram na sua perda de carteira de habilitação de motorista”.
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Após a condenação em Cuba, Carromero solicitou seu traslado para a Espanha, onde conseguiu, 13 dias depois, uma redução de regime penal, de liberdade vigiada. Ele pode cumprir pena fora da prisão portando uma tornozeleira eletrônica.
O acidente de Carromero em Cuba ocorreu em 22 de julho de 2012, na cidade de Bayamo (a 750 quilômetros de Havana), quando o automóvel em que ele dirigia com Payá, Cepero e o ativista sueco Jens Aron Modig, em alta velocidade, saiu da pista, bateu em uma árvore e destruiu a parte traseira do carro, matando os dois dissidentes cubanos. Payá havia prometido levar Carromero e Modig em uma comunidade afetada pelo cólera.
Carromero, que conduzia o veículo, foi condenado por homicídio culposo e, em dezembro do ano passado, foi transferido para a Espanha.
Em janeiro, Carromero mudou a versão de seu depoimento em Cuba, afirmando que a morte dos dois dissidentes foi em decorrência de um segundo carro, guiado por “agentes secretos cubanos” que teria empurrado o primeiro veículo para fora da pista.