O editorial do jornal mexicano La Jornada desta sexta-feira (02/09) condena o impeachment Dilma Rousseff e afirma que seu afastamento definitivo da Presidência brasileira representa o acesso de “redes de corrupção oligárquica” ao poder.
<
Segundo a publicação, após a aprovação do impeachent, o “gigante sul-americano entra em uma etapa de difícil prognóstico”.
Agência Efe
Senado brasileiro durante votação do impeachment de Dilma
O jornal diz que são “praticamente nulas” as possibilidades de que a ex-mandatária volte ao poder, mas afirma que a perspectiva de Michel Temer consolidar-se na Presidência também não parece provável. Além de um “ínfima popularidade” do chefe de Estado recém-empossado, La Jornada aponta seu programa econômico “antipopular”, que inclui perda de direitos trabalhistas e a eliminação de programas sociais estabelecidos nos governos de Lula e Dilma Rousseff.
Dentre as razões para o impeachment, segundo o editorial, estiveram a “mudança brusca” da política econômica nos governos do Partido dos Trabalhadores e um desejo de parlamentares de encerrar as investigações da Operação Lava Jato.
NULL
NULL
O jornal fala também nas diferentes reações em torno da questão. De um lado, segundo o editorial, estão a Unasul (União de Nações Sul-Americanas), que propôs uma reunião sobre a destituição de Dilma, e a decisão dos governos de Venezuela, Bolívia, e Equador de retirar seus embaixadores no Brasil. Do outro lado, veio a declaração do porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, John Kirby, que classificou o impeachment como uma “decisão do povo brasileiro”. Para La Jornada, “semelhante pronunciamento marca claramente o agrado de Washington diante de uma manobra legalista que nada teve de democrática”.
A publicação afirma que o impeachment de Dilma consuma “o terceiro de uma série de golpes de nova geração”, citando os casos de Manuel Zelaya, deposto em 2009 em Honduras, e Fernando Lugo, três anos mais tarde, no Paraguai.
O jornal mexicano diz por fim que “a destituição de Dilma Rousseff constitui a anulação do elementar princípio democrática da soberania do mandato popular e representa o gravíssimo acesso ao poder de redes de corrupção oligárquica’”.