A líder do partido governista da Bolívia MAS (Movimento para o Socialismo, na sigla em espanhol) na Câmara dos Deputados, Flora Aguilar, disse nesta terça-feira (27/08) que o senador Roger Pinto Molina, que deixou La Paz com destino ao Brasil no último final de semana, é um fugitivo da Justiça e deve responder por seus delitos.
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“Quem é responsável por um crime e foge se torna um fugitivo da Justiça boliviana. Agora devemos ativar os mecanismos judiciais correspondentes, através do Ministério Público, para que seja feita logo a extradição de Pinto”, disse, em comunicado à imprensa, lembrando que o senador deve responder a processos por corrupção.
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Organizações sociais bolivianas também se manifestaram hoje a favor de que Pinto, senador pelo partido Convergência Nacional, seja extraditado para que responda perante a Justiça por seus processos.
Agência Efe
O senador boliviano Roger Pinto Molina, logo após sua chegada ao Brasil. A Bolívia quer que ele seja extraditado
O secretário-executivo da Confederação de Interculturais, Ever Choquehuanca, declarou que “[Pinto] deve pagar à Justiça boliviana, como Confederação pedimos que o extraditem, que o devolvam”, segundo a Bolivia TV. Ele considerou ainda que o senador não pode ficar “abrigado” no Brasil.
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Emar Raldes, dirigente da Cidob (Confederação dos Povos Indígenas da Bolívia, na sigla em espanhol), respaldou a iniciativa de extraditar Pinto, o que demonstraria, segundo ele, que a Justiça “assumiria seu papel”.
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O secretário-geral da CSUTCB (Confederação Sindical Única dos Trabalhadores Camponeses da Bolívia), Rodolfo Machaca, lamentou a fuga de Pinto e afirmou que existe uma “união” entre as direitas boliviana e brasileira para proteger o senador.
A secretária-executiva da Federação de Mulheres Camponesas de La Paz “Bartolina Sisa”, por sua vez, disse que a Justiça deve atuar para que o senador responda pelos crimes de corrupção.
Prejuízo econômico
Segundo fontes oficiais citadas pela agência estatal ABI, o Ministério de Transparência e Luta Contra a Corrupção tem três processos contra o senador Pinto, os quais somam um dano econômico para o Estado de mais de 18 milhões de bolivianos, equivalente a cerca de R$ 6,2 milhões.
Em uma coletiva de imprensa em La Paz, a vice-ministra de Transparência, Jessica Saravia, informou que os três processos foram apresentados ao Ministério Público, sendo que o primeiro envolve um arranjo irregular para alocação de recursos da Zona Franca de Cobija para a Universidade Amazônica de Pando.
“Essa concessão de dinheiro teria que ser fiscalizada para determinar que esses valores foram pagos em benefício de toda a comunidade universitária. Entretanto, a ausência desse controle é que o Sr. Pinto incorre em diferentes tipos de delitos”, disse.
O segundo processo, segundo Saravia, refere-se à concessão irregular de “adiantamento de fundos” quando foi prefeito de Pando, atividade que também não foi fiscalizada. “Esse processo se encontra em estágio preliminar”, disse. O terceiro processo, enquanto isso, envolve crimes que foram responsáveis por um dano de mais de 5 milhões de bolivianos, cerca de R$ 1,7 milhão.
Saravia informou ainda que essas ações judiciais foram iniciadas em 2009 e “lamentavelmente, até hoje, embora se tenham passado vários anos, se conta apenas com uma sentença e duas acusações”.
A vice-ministra revelou que no período de 2002 a 2006 se evidencia um aumento patrimonial injustificado de Pinto que chega a 290%. “Isso significa que seu capital aumentou de 1,8 milhão de bolivianos para 7,3 milhões e que seu salário oscilou entre 14,4 mil e 15,5 mil bolivianos”, afirmou.