A tentativa de golpe de Estado na Bolívia, não consumada, teria cumprido ao menos um dos seus objetivos na tarde desta quarta-feira (26/06): a libertação de políticos envolvidos no golpe de Estado realizado no país em 2019.
Segundo o general Juan José Zúñiga, comandante chefe das forças armadas bolivianas e líder do movimento golpista, militares a seu comando teriam libertado a ex-ditadora Jeanine Áñez (2019-2020) e o ex-governador do departamento de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho, dois dos principais líderes civis do golpe de 2019.
Em declaração à imprensa local, Zúñiga afirmou que considera Áñez e Camacho como “presos políticos”. O general também ressaltou que os golpistas exigem a renúncia de todos os ministros e do presidente Luis Arce.
“Vamos recuperar a pátria e restabelecer a democracia na Bolívia”, afirmou o líder militar, embora o presidente Arce seja o mandatário legitimamente eleito nas últimas eleições realizadas no país, em 2020.
Vale recordar que Camacho, um dos libertados pelos golpistas, é um aliado do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (2019-2022). Ele se reuniu em Brasília com representantes do então governo em maio de 2019, meses antes do golpe de Estado que aconteceu em novembro daquele ano.
Evangélico, Camacho também se tornou célebre pela imagem que produziu no dia do golpe de Estado, em 19 de novembro de 2019, quando invadiu o Palácio Presidencial e realizou uma transmissão ao vivo nas redes sociais, na qual fez orações e afirmou que “a Bíblia volta a ser a bússola da política na Bolívia”.
Tentativa de golpe
O ex-comandante do Exército boliviano Juan José Zúñiga liderou uma tentativa de golpe nesta quarta-feira (26/06) contra o governo de Luis Arce. Com tanques grupos militares armados, os golpistas cercaram a Praça Murillo em La Paz, local no qual está situado o Palácio Presidencial do país.
No dia anterior, Zúñiga foi afastado do cargo que ocupava desde 2022 após ameaçar Evo Morales por se opor a uma possível candidatura do ex-presidente para a disputa das eleições de 2025.
Zúñiga e os militares invadiram o prédio falando em ‘recuperar a Pátria’.
Após esse primeiro momento, Arce denunciou uma “mobilização irregular de algumas unidades do Exército Boliviano”, enquanto Morales afirmou que os militares estavam “se preparando um golpe de Estado”.
A tentativa foi frustrada após Arce encarar o ex-general e dar posse a novos comandantes militares, sendo eles: José Wilson Sánchez Velasquez, no Exército; Gerardo Zabala Alvarez, na Força Aérea, e Wilson Ramírez, na Marinha.
Durante seu pronunciamento logo após a posse, o novo comandante do Exército, Sánchez Velasquez, ordenou que as tropas mobilizadas nas ruas durante o golpe voltassem imediatamente aos quartéis, o que foi cumprido pelos soldados que, minutos antes, estavam obedecendo a Zúñiga.
Por usa vez, o presidente Arce agradeceu aos bolivianos que se mobilizaram para rechaçar o golpe.