Após sete anos de exílio voluntário, o líder independentista catalão Carles Puigdemont retornou à Espanha. Nesta quinta-feira (08/08), ele participou de um comício em Barcelona, organizado perto do Parlamento da Catalunha, discursando diante de milhares de apoiadores.
Ainda alvo de um mandado de prisão emitido pelos tribunais espanhóis pelo seu papel na tentativa frustrada de secessão de 2017, seu regresso ocorre no mesmo dia em que o Parlamento catalão elegeu o novo presidente do executivo regional, o socialista Salvador Illa.
“Viva a Catalunha livre!”, bradou Carles Puigdemont durante seu discurso no comício, em frente ao Arco do Triunfo, sob os gritos de “presidente, presidente” da multidão.
“O fato de que, para isso, corro o risco de ser preso de forma arbitrária e ilegal prova a anomalia democrática que temos o dever de denunciar e combater”, declarou Puigdemont, líder do partido independentista Junts per Catalunya (“Juntos pela Catalunha”) em vídeo transmitido pelas redes sociais.
Presidente da região entre 2016 e 2017, Carles Puigdemont fugiu da Espanha após referendo sobre a independência do Catalunha, declarado ilegal pela justiça espanhola. Diante do mandado de prisão, ele se exilou e passou os últimos sete anos na Bélgica e na França.
Depois do discurso nesta quinta-feira, o líder independentista seguiu junto aos seus apoiadores em direção ao Parlamento, onde acontece a eleição do novo presidente do executivo regional. Carles Puigdemont havia anunciado várias vezes a sua intenção de participar da votação. No entanto, hoje, ele não assistiu à cerimônia de posse, segundo a imprensa local.
Madando de prisão mantido
Apesar da lei de anistia negociada pelo primeiro-ministro Pedro Sánchez em troca do apoio do partido Juntos pela Catalunha ao seu governo, Carles Puigdemont pode ser preso neste seu retorno ao país, uma vez que ainda é alvo do mandado de prisão. O Supremo Tribunal da Espanha considerou que a recente lei de anistia não se aplicava ao seu caso.
Altamente criticada pela oposição, esta lei de anistia está no centro de múltiplos debates jurídicos e, em 1° de julho, o Supremo Tribunal decidiu que o texto só se aplicava a alguns dos crimes dos quais o líder independentista é acusado. Ele voltou a denunciar na quarta-feira (07/08) “a atitude rebelde de certos juízes do Supremo”.
“Não sei quanto tempo vai demorar até que possamos nos ver novamente, meus amigos, mas não importa o que aconteça, quando voltarmos a nos ver, espero que possamos gritar bem alto juntos: viva a Catalunha livre!”, disse Carles Puigdemont durante seu discurso no comício.