O ex-governador da Catalunha Carles Puigdemont, foragido desde 2017, divulgou neste sábado (10/08) um vídeo depois de ter fugido após uma aparição relâmpago na última quinta-feira (08/08) em Barcelona. O comício desencadeou uma fracassada operação policial para prendê-lo.
Na mensagem, o líder separatista afirmou que regressou novamente a Waterloo, na Bélgica, onde vive exilado desde 2017, e advertiu que “o processo de independência não terminou” na região espanhola da Catalunha.
O vídeo de oito minutos tem um cenário idêntico ao do registro publicado por Puigdemont na última quarta, no qual ele anunciava ter “empreendido a viagem de regresso do exílio” à Espanha. O fundo mostra um parede branca, ao lado de uma bandeira catalã e outra europeia, e Puigdemont usa a mesma gravata que havia exibido no vídeo publicado três dias antes.
O ex-presidente catalão havia regressado quinta-feira a Barcelona, onde realizou um comício a poucos metros do parlamento regional onde iria ocorrer a posse do governo do socialista Salvador Illa, no meio de uma grande operação policial. Mesmo assim, conseguiu fugir novamente sem ser preso.
Puigdemont, foragido da justiça espanhola desde 2017 por ter declarado unilateralmente a independência da Catalunha, tem um mandado de prisão por crime de peculato, que não consta da lei de anistia de que beneficiaram outros apoiadores da independência.
No vídeo divulgado hoje, Puigdemont alega que, após seu breve discurso perante cerca de 3.500 pessoas em Barcelona e sua subsequente fuga sem deixar vestígios e sem ser detido pela polícia regional catalã, a Mossos d’Esquadra, priorizou “poder regressar primeiro para um local seguro” e depois à sua “residência belga, aqui, em Waterloo”, embora ele evite mostrar provas de que, de fato, está na Bélgica.
A tese de que o líder independentista está fora da Espanha foi compartilhada ontem pela sua comitiva. A polícia da Catalunha, por sua vez, não descarta a hipótese de que ele permaneça em território espanhol, uma vez que não dispõe de “elementos objetivos” para provar o contrário.
Puigdemont diz no vídeo que nunca quis entregar-se “a uma autoridade judicial que não seja competente” para persegui-lo “por defender o direito à autodeterminação” e que “não tem interesse em fazer justiça”, mas pretende para “fazer política”.
“Tentei o que a todos nós parecia impossível e que se fracassasse, para o qual estava preparado, teria tido custos enormes”, destaca, antes de acrescentar: “Poder regressar para um local seguro, primeiro, e depois para a minha residência na Bélgica, aqui em Waterloo, passaram a ser meu objetivo”. O vídeo foi divulgado logo após a posse do socialista Illa.
Para Puigdemont, isso não significa que o processo de independência tenha terminado: “O processo de independência termina com a independência. Terminou uma determinada fase e se abre uma etapa nova, com condições diferentes”. .
A fugaz aparição de Puigdemont em Barcelona (onde, segundo a sua comitiva, estava ao menos desde terça-feira) suscitou grandes críticas por parte da oposição espanhola, que apontou os Mossos, o governo espanhol do socialista Pedro Sánchez e o Centro Nacional de Inteligência, como responsáveis.
Ontem, os Mossos se manifestaram contra as críticas e acusaram Puigdemont e seu entorno por não serem “leais” às instituições catalãs e por criarem uma “campanha de desinformação” sobre seu regresso à Espanha. Da mesma forma, insistiram que não houve acordo com o ex-governador para providenciar sua prisão e reconheceram que não conseguiram prendê-lo “por mais que tentassem”.
Três policiais catalães foram detidos por supostamente terem colaborado na entrada de Puigdemont na Espanha e sua posterior fuga.