Em entrevista realizada na noite desta quinta-feira (11/07), a líder sindical francesa Sophie Binet, secretária-geral da Confederação Geral do Trabalho (CGT), pediu aos líderes da Nova Frente Popular, que reúne diversos setores da esquerda do país, procurem conformar um acordo para obter maioria legislativa.
A declaração aconteceu durante o programa “À l’air libre”, do canal Mediapart. Binet defendeu que os partidos progressistas que formam a Nova Frente Popular devem participar do acordo que levará a escolha do próximo primeiro-ministro da França.
“O futuro do país está em jogo. Se a Nova Frente Popular não estiver à altura das circunstâncias, as coisas podem mudar muito, e muito rapidamente. É preciso propor rapidamente um governo ou uma linha de ação, ou tudo o que fizemos desmoronará, como um castelo de cartas”, afirmou a líder sindical.
Binet disse que a Nova Frente Popular, por ser o setor mais votado no segundo turno das eleições legislativas, tem a responsabilidade de “apresentar um projeto de governo baseado em uma política de rutura com as medidas econômicas e sociais de Emmanuel Macron”.
A secretária-geral da CGT não especificou com qual setor a Nova Frente Popular deve formar sua coalizão.
“É preciso que todos ponham de lado os seus interesses partidários e pessoais, há opções à esquerda, à direita e ao centro, mas os eleitores não vão entrar em pormenores. Vão ser todos arrastados pela extrema-direita, se não houver um novo governo que apresente uma política de rutura”, acrescentou.
Cenário pós-eleitoral
Nas eleições legislativas francesas do último domingo (07/07), a aliança de esquerda elegeu 182 representantes para a nova Assembleia Nacional francesa. O setor precisa de mais 107 votos para alcançar os 289 necessários para obter a maioria e eleger o novo primeiro-ministro.
Desde a vitória nas urnas, o líder da Nova Frente Popular, Jean-Luc Mélenchon, disse que a esquerda pretende exercer seu direito de indicar o novo primeiro-ministro e exigiu que o presidente Emmanuel Macron e os líderes da coalizão de centro-direita Juntos, que ficou em segundo lugar (com 168 vagas na Assembleia) acatem os resultados eleitorais.
O partido de extrema direita Reunião Nacional terminou com o terceiro lugar, ao conquistar 143 vagas na Assembleia.
O conservador Partido Republicano, que costuma apoiar o setor macronista, elegeu 46 representantes. Também foram eleitos 38 parlamentares de candidaturas independentes ou de partidos de menor expressão.
A preocupação de Binet durante a entrevista é que um impasse na conformação de uma maioria legislativa resulte na convocação de novas eleições legislativas, que permitam uma nova chance à extrema direita no país.
“Não podemos deixar que nos roubem a vitória de eleitoral domingo à noite”, reiterou a líder sindical, que convocou uma mobilização para o dia 18 de julho, em frente à sede da Assembleia Nacional, em Paris.
Com informações do Mediapart.