Os presidentes de Gana, John Mahama Dramani, da Nigéria, Goodluck Jonathan, e do Senegal, Macky Sall, chegaram a Burkina Fasso nesta quarta-feira (05/11) para pressionar o Exército de Burkina Fasso em manter a promessa de entregar o poder de volta aos civis dentro de quinze dias após a renúncia forçada do presidente Blaise Compaoré.
Efe
Tenente-coronel Zida, chefe de Estado interino de Burkina Fasso (esq), recebe o presidente de Gana, John Mahama Dramani (dir.)
Durante a visita, o grupo se reunirá com os membros da oposição, da sociedade civil, atores políticos e com o tenente-coronel Isaac Zida, líder interino nomeado pelos militares no país. A União Africana obriga seus 54 Estados-membros a atuar a favor de resoluções civis quando há crises políticas no continente, buscando sempre o consenso pacífico.
Na terça-feira (04/11), Zida anunciou que iria devolver o país ao governo civil, um dia após a União Africana ameaçar o Exército com sanções caso a instituição não transferisse o poder.
Na semana passada, os militares preencheram o vácuo na liderança do país com a saída de Compaoré, que foi forçado a renunciar após 27 anos no poder. Ele foi perseguido por uma revolta popular violenta que resultou em mais de 30 mortos e 200 feridos e que foi comparada por alguns analistas com a Primavera Árabe.
Efe
População em Burkina Fasso se mobiliza em violentos protestos que deixaram mais de 30 mortos nos últimos dias
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No entanto, a entrada do Exército à frente do governo provocou mais uma vez protestos em Burkina Fasso e levou a ameaças de sanções feitas pela comunidade internacional. O Exército reiterou que “o poder não interessa” à instituição e se comprometeu a instalar um governo de unidade com “amplo consenso” dentro de duas semanas.
Na terça, François Hollande, presidente da França, país do qual Burkina Fasso tornou-se independente em 1960, anunciou que Paris ajudará a evacuar Compaoré, com o intuito de evitar o agravamento da situação e provocar um possível “banho de sangue”.
Compaoré e sua esposa estão agora em uma mansão de luxo do governo na vizinha Costa do Marfim. O presidente marfinense Alassane Ouattara emitiu um comunicado ontem, afirmando que Compaoré “poderia ficar o tempo que quiser na Costa do Marfim”.