A polícia de Hong Kong prendeu nesta quarta-feira (26/11) 116 manifestantes ao realizar uma operação para desalojar um dos três assentamentos montados pelo movimento pró-eleições livres no pleito de 2017. Entre os detidos, estão diversos líderes estudantis do levante que exige mecanismos mais democráticos na escolha dos representantes políticos locais.
Agência Efe
Estudante é detido por polícia de Hong Kong após operação que desocupou 'quarta-general' dos manifestantes pró-eleições livres
Posta em prática há dois dias com o auxílio de cerca de 4 mil policiais, segundo informou a imprensa local, a operação terminou hoje com a retirada de todas as barricadas do bairro de Mong Kok, a área mais conflituosa de Hong Kong desde o início dos protestos, há 60 dias.
Praticamente sem precisar recorrer ao uso excessivo de violência, policiais avançaram na direção dos manifestantes, forçando os ativistas a retroceder pela rua Nathan. Os manifestantes tinham tomado cerca de meio quilômetro da via desde 28 de setembro.
[Cordão policial em Hong Kong isola manifestante em operação das autoridades para disperçar ponto de encontro dos protestos]
Em menos de três horas, a polícia conseguiu eliminar os obstáculos da rua, limpar seus acessos e restabelecer e liberar o trânsito, enquanto um pequeno grupo de manifestantes se concentrava em uma das intersecções da rua. Policiais permanecem em diferentes pontos do bairro em alerta diante da possibilidade dos manifestantes tentarem se reagrupar ao longo da noite, após vários ativistas anunciarem esta intenção nas redes sociais.
Após o despejo realizado entre ontem e hoje, a Federação de Estudantes, uma das organizações que lideram as revolta civil, ameaçou ampliar os protestos, até agora limitada à ocupação pacífica das ruas e ao diálogo com as autoridades.
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A ação da polícia aconteceu após uma decisão judicial que deu permissão para a retirada de barricadas no bairro de Mong Kok, a pedido de uma organização de taxistas.
Agência Efe
Com guarda-chuva, objeto que virou símbolo dos protestos de Hong Kong, manifestante é preso em operação policial
Dois líderes dos protestos, os dirigentes estudantis Joshua Wong e Lester Shum, foram detidos nesta manhã durante a operação, acusados de desacato judicial e obstrução ao trabalho de funcionários públicos. A previsão é de que passem a noite na prisão e amanhã sejam colocados à disposição da Justiça.
Joshua Wong, que foi capa da revista norte-americana TIME no início das manifestações, é o líder do movimento estudantil Scholarism, que reúne alunos de ensino médio, e foi o propulsor da apelidada “revolução dos guarda-chuvas” em 28 de setembro, quando tentou invadir gabinetes do governo. Já Lester Shum é um dos secretários da Federação de Estudantes de Hong Kong, organização que liderou as conversas com o governo durante os protestos.
Embora os protestos não tenham uma liderança estruturada formalmente, ambas as organizações atuaram como líderes de fato do movimento.
Futuro dos protestos
Os manifestantes ainda ocupam uma ampla zona no distrito de Admiralty, aos pés de edifícios governamentais, e uma pequena área no bairro comercial de Causeway Bay. Até o momento não se sabe se a polícia também irá desalojar os ativistas destes locais.
Uma porta-voz Ministério das Relações Exteriores chinês, Hua Chunying, reiterou hoje em Pequim que o governo central apoia o Executivo de Hong Kong, assinalando que o movimento é ilegal e não deveria ser permitido por nenhum governo.
As revoltas civis começaram um mês depois do governo de Pequim divulgar seu plano de reforma eleitoral para Hong Kong, que deixou em mãos de um seleto comitê de 1.200 membros a escolha dos candidatos para as eleições ao Poder Executivo local de 2017.
Mais de 100 mil pessoas chegaram a sair às ruas em protesto pelas restrições democráticas impostas para Hong Kong, número que diminuiu ao longo dos meses e que hoje pode ser contado em centenas de ativistas que exigem o sufrágio universal.
(*) Com informações da Agência Efe, reportadas por Isabel Fueyo