Apesar da pouca vontade dos Estados Unidos de incluir o fim do embargo a Cuba na pauta da próxima Cúpula das Américas, marcada para 17 a 19 de abril em Trinidad e Tobago, tudo indica que o tema virá à tona.
Segundo confirmaram na última semana ao Opera Mundi fontes diplomáticas da região latino-americana, por iniciativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o apoio do primeiro ministro da Trinidad e Tobago, Patrick Manning, e a insistência do líder venezuelano, Hugo Chávez, será apresentada uma proposta para que os norte-americanos levantem o bloqueio econômico à ilha, que já dura 47 anos.
De acordo com os entrevistados, a razão do lobby é simples: a relação do continente com Washington melhoraria caso houvesse uma abertura com Havana. Cuba é o único dos 35 países da região que não participará do evento na ilha caribenha.
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Mas entre o desejo e a realidade há uma certa distância. Apesar de a maioria dos presidentes da região ter uma visão positiva do regime cubano e já terem dado a entender que gostariam de ver Cuba de volta à comunidade das nações latino-americanas, o presidente Barack Obama pouco pode fazer.
Entre outras razões, porque o embargo econômico se encontra “codificado”, ou seja, depende do Congresso e não do presidente uma decisão. Tanto na Câmara de Deputados como no Senado ainda não existe um consenso sobre o assunto.
“A maioria dos meus colegas sabe perfeitamente que temos uma ditadura em Cuba e enquanto não libertarem os presos políticos e haja uma democracia plena, não se pode levantar o embargo”, comentou a deputada federal republicana de origem cubana, Ileana Ros-Lehtinen.
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“É bem possível que o tema (do embargo) surja nesta reunião. O que deve ficar claro é que os Estados Unidos consideram Cuba como um país anormal na região”, apontou Jeffrey Davidow, assessor de Obama para a cúpula, durante conferência na semana passada.
“Seria ruim se a região perdesse a oportunidade e se distraísse com o tema de Cuba”, afirmou Davidow.
Segundo diplomatas norte-americanos, o mais importante é que a reunião sirva de oportunidade para que o presidente Barack Obama seja apresentado aos seus homólogos da região e aborde com eles temas como a economia, energia, narcotráfico e uma relação fluida com o continente.
Iniciativa cubana
É preciso uma série de condições para que o embargo seja levantado. Além das liberdades democráticas, somam-se a realização de eleições multipatidistas e a instituição da liberdade de imprensa. O embargo foi codificado dentro da Lei Helms-Burton (1996), quando os republicanos eram maioria no Congresso e quiseram retirar do então presidente democrata, Bill Clinton (1993-2001) a chance de melhorar as relações com Cuba.Uma esperança de parte da classe política norte-americana é que Cuba tome a iniciativa de dialogar com os Estados Unidos.
Semana passada, em Havana, um grupo de congressistas norte-americanos negros assinalou essa possibilidade em conversações com as autoridades cubanas.Mas o próprio ex-presidente Fidel Castro, depois de uma reunião com os políticos, tirou-lhes as ilusões.
“Enquanto durar o embargo é difícil que Cuba tenha gestos assim com os Estados Unidos, porque não somos o país agressor”, afirmou.
Fidel tem manifestado esperança com Obama, mas também tem sustentado que as pressões do sistema em Washington são mais fortes que seus poderes, capacidade ou desejos.
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