Ele vendeu meio milhão de exemplares em pouco mais de um mês e invadiu os fóruns de discussão chineses na internet. A China não está feliz (Zhongguo bu gaoxing), livro escrito por cinco conhecidos intelectuais e profissionais de mídia nacionalistas, é um grande sucesso no país.
O livro é uma sequência do best-seller A China pode dizer não, escrito em 1996 por alguns dos mesmos autores nacionalistas. O tom que predomina no novo texto é mais virulento: os autores pedem uma “ruptura condicional com o Ocidente” e denunciam a presença de “fantasmas estrangeiros” por trás dos distúrbios no Tibete em março do ano passado e o “cerco estratégico por parte do mundo ocidental”.
Também culpam a elite liberal da China por corromper o país com ideais ocidentais e qualificam todo chinês que não compartilha a crença deles de “traidor” e “derrotista”. Eles acreditam que a China deveria se tornar uma superpotência, um país com “uma missão heróica”.
A China não está feliz chegou às prateleiras no final de março e ocupou imediatamente o centro das atenções nacionais e internacionais. A China é conhecida pelos surtos de nacionalismo, muitas vezes usados pelo governo para legitimar seu poder.
“Mas existem dois tipos de nacionalismo na China”, explica Cai Chiongguo, dissidente político que fugiu para a França em 1989, depois do massacre na Praça da Paz Celestial. “Um deles apoia o governo porque ele encarna a nação. O outro, que podemos chamar de nacionalismo esquerdista, critica o governo por causa das políticas sociais e da perda da independência econômica”.
O livro pertence à segunda categoria. Pretende sublinhar o papel que a China deveria desempenhar no mundo, mas sobretudo chama a atenção para as queixas dos chineses contra o governo. “O livro critica o governo por suas políticas domésticas. Na verdade, o nacionalismo inflamado é o sentimento de uma minoria na China. A maioria está preocupada com questões cotidianas como o desemprego e a corrupção”, afirma Chiongguo.
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