O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, anunciou nesta terça-feira (27/08) que interrompeu seu relacionamento com as embaixadas dos Estados Unidos e do Canadá no país, após críticas de seus representantes sobre a recente reforma promovida pelo governo no Judiciário.
Em coletiva, o mandatário esclareceu que a medida não se estende aos órgãos executivos de ambas as nações, mas apenas a seus embaixadores no México, em especial, ao norte-americano Ken Salazar.
“O relacionamento [com Ken Salazar] é bom, mas está em pausa. Vamos nos dar um tempo”, declarou López Obrador. Na semana anterior, o mandatário chamou o diplomata de “desrespeitoso” e alertou Washington para “não se intrometer no México”.
Durante fala à imprensa, o chefe de Estado também enfatizou que representantes estrangeiros precisam respeitar a soberania do México.
“Eles têm que aprender a respeitar a soberania do México, porque não vamos aconselhá-los lá, ou dizer o que é certo e o que é errado. Queremos que eles sejam respeitosos, que haja uma relação recíproca em termos de soberanias”, afirmou. “Como vamos permitir que o embaixador dê sua opinião, que diga que o que estamos fazendo é errado? Não vamos dizer a ele para sair do país. Mas para ele ler nossa Constituição, sim, vamos dizer isso”.
De acordo com López Obrador, as relações com as duas embaixadas somente serão restabelecidas quando houver uma ratificação de que a independência de seu país será respeitada.
“Que eles entendam que foi imprudente demonstrar como fizeram”, acrescentou o presidente ao se referir sobre os comentários críticos às reformas judiciais.
Críticas dos EUA e do Canadá
O governo mexicano está promovendo uma reforma para eleger juízes, incluindo da Suprema Corte, por voto popular. Um comitê na câmara baixa do Congresso do México aprovou a proposta na noite desta segunda-feira (26/08), abrindo caminho para que ela seja aprovada quando o Congresso recém-eleito tomar posse em setembro.
Os proponentes dizem que a reforma impulsionará a democracia e ajudará a erradicar a corrupção de um sistema que, segundo eles, não serve ao público, enquanto os críticos norte-americanos e canadenses alegam que ela distorcerá o poder em favor do Executivo.
Na semana passada, Ken Salazar, embaixador norte-americano, chegou a acusar a reforma como um “grande risco ao funcionamento da democracia mexicana”.
“Com base na minha experiência de vida apoiando o estado de direito, acredito que a eleição direta popular de juízes é um grande risco para o funcionamento da democracia do México“, escreveu na rede social X.
Já o embaixador canadense, Graeme Clark, classificou a reforma como “preocupante”.
(*) Com Sputnik e Telesur