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O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, desembarcou nesta segunda-feira (08/11) em Maputo para sua última visita à África no exercício do cargo. Ao chegar para uma visita de dois dias, Lula comentou o apoio dos Estados Unidos à entrada da Índia no Conselho de Segurança da ONU. Para o presidente, a decisão norte-americana não é uma ameaça às pretensões brasileiras de ter um assento permanente no órgão. 

Ricardo Stuckert/PR



Presidente Lula durante chegada ao Aeroporto Internacional de Mavalane, em Moçambique

“Pelo contrário”, disse. “O Brasil defende a participação da Índia. E a Índia faz parte do G4 (Brasil, Índia, Alemanha e Japão). Eu só espero que o presidente Obama [Barack Obama, presidente dos Estados Unidos] faça agora desse compromisso, dele com a Índia, uma profissão de fé e consiga efetivamente abrir o Conselho de Segurança para que outros países possam participar”, afirmou.

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O presidente dá hoje uma aula magna na Universidade Pedagógica de Moçambique, que se torna a primeira instituição estrangeira a fazer parte da Universidade Aberta do Brasil (UAB), que capacita professores por meio do ensino a distância. A Universidade Eduardo Mondlane também participa do projeto.

O acordo prevê, ao fim de quatro anos, a participação de mais de sete mil estudantes em quatro cursos – gestão pública, pedagogia, matemática e biologia. Mais de 90 universidades brasileiras estão envolvidas na UAB. Os estudantes farão jus à dupla diplomação (os diplomas serão reconhecidos nos dois países) e os cursos terão metade do currículo desenvolvido em cada país. 

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À tarde, o presidente Lula recebe um grupo de empresários brasileiros e moçambicanos para um encontro no Hotel Serena Polana. Ele terá uma reunião fechada com representantes de empresas brasileiras já instaladas em Moçambique, como a Camargo Correa, Andrade Gutierrez, Vale, Queiroz Gavão e outras.

No fim do dia, o presidente irá a um jantar na residência oficial da Ponta Vermelha, sendo recebido pelo colega moçambicano Armando Emílio Guebuza. Na ocasião, serão assinados atos de cooperação. Dois deles na área de saúde maternoinfantil: um ajuda na criação de um banco de leite materno e outro no desenvolvimento de uma biblioteca de saúde.

Fábrica de remédios



A agenda termina na quarta-feira (10/11), de manhã, com a visita à futura fábrica de medicamentos antirretrovirais construída com apoio do Brasil. Um projeto que nasceu há sete anos, quando da primeira visita de Lula ao país. O presidente brasileiro irá ao local onde ela será instalada – um galpão de 2 mil metros quadrados ao lado de uma fábrica de soros do governo moçambicano, na cidade da Matola, vizinha a Maputo.

O Brasil também irá doar 21 dossiês de medicamentos a serem produzidos em Moçambique, sem a necessidade de pagamento de direitos ou royalties. Cada documento, no mercado, poderia custar entre U$ 30 e 80 mil.

Hoje, técnicos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) – que fará a gestão técnica da fábrica – terminavam a instalação da primeira máquina da linha de produção, que terá a função de moldar e embalar comprimidos. Ela ficará em Moçambique até a chegada do conjunto completo de novos equipamentos adquiridos nos Estados Unidos. A peça, emprestada, foi trazida da Fiocruz há dez dias, em um avião da Força Aérea Brasileira.

A coordenadora do projeto, Lícia de Oliveira disse que há necessidade de uma obra de adequação do prédio, que deve começar ainda no mês que vem. “A previsão é que, entre março e abril, chegue o conjunto completo de equipamentos, que será instalado paralelamente à obra”. Depois de terminada a readequação técnica do prédio, a fábrica precisa receber a validação e passa pela fiscalização para funcionamento.

“A primeira fase se dará pelo processo de capacitação para a feitura de embalagem e técnicas de controle de qualidade, até chegar à fabricação propriamente dita. Mas no fim do processo, aqui haverá uma fábrica completa”, explicou diz Hayne Felipe, diretor de Farmanguinhos, unidade tecnicocientífica da Fiocruz. Segundo ele, a previsão “otimista” é que isso ocorra até 2012.

“É extremamente gratificante e importante ajudar a capacitar este país tecnologicamente e, ao mesmo tempo, dar a ele condição de enfrentar este quadro trágico que é a epidemia de HIV/aids”, disse Hayne. “Nos traz uma lembrança de quando tivemos que enfrentar situação semelhante na década de 1970, no Brasil, com relação à produção de imunobiológicos”.

Moçambique está entre os dez países mais atingidos pelo vírus da aids no mundo, com índice de prevalência de 15% entre os adultos. Ao todo, o país tem cerca de 1,7 milhão de infectados em uma população de cerca de 22 milhões de habitantes.

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Lula chega a Maputo e comenta apoio dos EUA à Índia para o Conselho de Segurança da ONU

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