Quinta-feira, 24 de abril de 2025
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O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira (25/03), em Tóquio, que pretende recuperar os US$ 6 bilhões que foram perdidos nos últimos 10 anos no intercâmbio comercial entre Brasil e o Japão.

Uma das principais estratégias para isso, segundo o governo, será retomar a exportação da carne bovina brasileira para o mercado japonês.

No primeiro dia de sua viagem ao país asiático, Lula e sua comitiva foram recebidos pelo imperador Naruhito e a imperatriz Masako antes de se reunir com representantes da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC).

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“Em 2011, o fluxo da balança comercial entre Brasil e Japão chegou a US$ 17 bilhões e hoje caiu para US$ 11 bilhões. Então, significa que, de pronto, a gente tem US$ 6 bilhões para recuperar nessa minha visita aqui”, disse o mandatário aos representantes da ABIEC presentes em Tóquio. “É uma parceria histórica que se fortalece”.

O Japão importa cerca de 60% da carne que consome, o que significa cerca de 650 mil toneladas. Os maiores fornecedores são os Estados Unidos e a Austrália. Washington, entretanto, está com o seu menor rebanho dos últimos 80 anos, e o país da Oceania tem dificuldades para aumentar sua produção. Abrindo o mercado japonês, o Brasil ampliaria as alternativas para enfrentar as novas tarifas norte-americanas.

Desbloquear exportações de carne bovina

A Associação Brasileira dos Exportadores de Carne participa esta tarde de uma reunião para discutir o assunto com Lula e representantes japoneses da área e do governo.

Para viabilizar a abertura do mercado japonês ao Brasil, o governo do Japão já determinou o envio, “o mais breve possível”, de uma missão sanitária para inspecionar os produtores brasileiros. Esse era um dos principais objetivos da comitiva de Lula para um dos mercados mais rigorosos e rentáveis do mundo.

“O Brasil e o Japão têm uma relação comercial de US$ 11 bilhões. É pouco para a grandeza de ambos. Eu espero dessa visita que o Japão conheça mais o Brasil. Queremos (…) atrair mais investimentos e que o Brasil possa fazer parcerias com empresas brasileiras para discutir sobretudo a questão da transição energética”, disse Lula.

lula no japão
Ricardo Stuckert / PR
Presidente Lula cumpre agenda no Japão a fim de retomar comércio com o país asiático

Brasil quer estreitar mais laços com Ásia

O Brasil tem a maior população de nipodescendente fora do Japão, estimada em mais de 2 milhões de pessoas. Já o país asiático é o quinto do mundo com a maior comunidade de brasileiros, estimada em 210 mil pessoas, atrás dos Estados Unidos, Portugal, Paraguai e Reino Unido.

O Brasil exporta ao Japão aves, alumínio, carne suína, celulose, café e minério de ferro. Na direção contrária, importa de lá partes de veículos, instrumentos, aparelhos de medição, motores e outros produtos da indústria de transformação.

No discurso de Lula no jantar de gala oferecido pelo imperador japonês, o presidente destacou a questão ambiental. Disse contar com o “firme engajamento” do Japão na Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 30) que será em novembro em Belém, frisando que o Brasil está comprometido com um “modelo de sustentabilidade baseado na inclusão social”.

Viagem ao Japão

Esta é a quinta viagem de Lula ao Japão e se estenderá até quinta-feira (27/03), quando ele irá ao Vietnã.

Na quarta-feira (26/03), Lula terá a agenda mais intensa da viagem. Estão previstas reuniões com sindicatos japoneses e sua participação no Fórum Empresarial Brasil-Japão. Do lado brasileiro, estarão presentes empresários do setor de alimentos, bebidas, agronegócio, aeroespacial, energia, logística e siderurgia, entre outros.

No final da tarde de quarta-feira, o presidente brasileiro se reunirá com o primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, no Palácio Akasaka.

A visita oficial celebra 130 anos de amizade entre o Brasil e o Japão e marca a retomada pelo Japão de uma tradição. O país recebe uma visita de chefe de Estado por ano, mas estas foram suspensas na pandemia e só foram retomadas agora, com a visita de Lula.

A delegação brasileira está composta por ministros, parlamentares, sindicalistas e empresários e seu objetivo é estreitar os laços comerciais e de amizade entre os dois países. Prevê-se que a viagem propicia a assinatura de acordos estratégicos em ciência e tecnologia, saúde, educação e, sobretudo, em áreas como combustíveis sustentáveis, pesca, recuperação de pastagens e terras agrícolas, entre outras.

(*) Com Agência Brasil e Revista Fórum.