Para as diferentes etnias originárias da Amazônia, a presença de 120 mil representantes do mundo inteiro em Belém é uma oportunidade para abordar as questões indígenas e dos povos da floresta, além da preservação do meio ambiente e as mudanças climáticas. Mas vai ficar difícil conseguir a atenção do público a partir de amanhã (29), quando o Fórum Social Mundial vai presenciar uma verdadeira batalha por influência entre os diferentes presidentes da esquerda sul-americana.
Tudo começou quando o venezuelano Hugo Chávez anunciou, há algumas semanas, a intenção de organizar, sozinho, uma palestra com os movimentos sociais da América Latina. Dado o fato que esta edição do Fórum tem muito mais brasileiros que de costume, o encontro iria aglutinar os principais movimentos sociais do país, sindicatos, grupos de trabalhadores rurais e partidos de esquerda não alinhados ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva. “Um risco inaceitável para o presidente Lula num ano pré-eleitoral”, ironiza um alto funcionário venezuelano.
O Palácio do Planalto contra-atacou politicamente convocando para outro evento Chávez, Evo Morales (Bolívia), Rafael Corrêa (Equador) e Fernando Lugo (Paraguai) – Lula e os quatro estarão em Belém por intermédio de um convite formal da Abong (Associação Brasileira das Organizações Não Governamentais), já que não é permitida a participação direta de políticos.
A estratégia era diluir o efeito Chávez através de outras figuras também populares, especialmente Evo Morales, que chega ao Fórum cheio de moral pela aprovação da nova Constituição em referendo no domingo passado. Mas o líder venezuelano, que nunca se distinguiu por fazer diplomacia com luva de pelica, mandou seus assessores articularem outro evento abertamente anti-liberal. E foi o que fizeram desde o começo da semana.
Informado de que Lula chegaria à capital paraense somente na noite de quinta-feira, Chávez organizou um primeiro encontro apenas com os três outros chefes de Estado. Mais reservado, o evento, que é patrocinado pela CUT (Central Única dos Trabalhadores, entidade que apóia o governo Lula), será aberto a mil pessoas. Os convites já se esgotaram.
O evento vai começar às 13h, exatamente quando o chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Dulci, estará apresentando um balanço do governo Lula desde 2003. E pouco antes de uma palestra da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. A pré-candidata à sucessão de Lula quer aproveitar um debate sobre “as mulheres no poder” para fazer sua entrada oficial no grupo dos que defendem que “um outro mundo é possível”.
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