Antes de seguir para a reunião de cúpula do G20, que será amanhã (2), em Londres, Luiz Inácio Lula da Silva passou em Paris e se reuniu com Nicolas Sarkozy no Palácio do Eliseu, sede do governo francês. Os presidentes terminaram de amarrar uma estratégia comum contra a crise. Almoçaram juntos e, em seguida, explicaram a posição conjunta dos dois países para a construção de uma nova governança mundial numa entrevista coletiva.

“França e Brasil devem unir as vozes. Só unidos pesarão na reconstrução do sistema econômico mundial”, afirmou o francês, que, nesta semana, sugeriu que poderá abandonar a cúpula do G20 se nenhuma medida de regulamentação do sistema financeiro for adotada.

O brasileiro explicou que os dois presidentes não querem participar de uma reunião fracassada. “Todo mundo sabe o que deve ser feito para restabelecer o crédito e a confiança dos consumidores. Os cidadãos esperam muito desse encontro. Devemos adotar medidas que permitam a retomada do consumo”.

Lula disse ainda que os países ricos devem tomar a dianteira. “O G20 é um encontro entre amigos, mas amigos que têm visões diferentes do modo de resolver essa crise. Chegou a hora dos países com o PIB maior que o do Brasil assumirem a responsabilidade dessa crise”.

O presidente classificou os paraísos fiscais de “quase imorais”. “Não é justo, em um mundo onde um bilhão de pessoas vivem com menos de um dólar por dia, que um grupo restrito de pessoas tirem dinheiro do setor produtivo para investir no setor especulativo”.

Em seguida, Lula seguiu para Londres de trem, pelo túnel sob o Canal da Mancha que liga a França à Inglaterra. Durante a viagem, afirmou que “o Brasil não quer continuar dependendo apenas do dólar americano como moeda de referência para suas reservas cambiais e o comércio”, segundo a agência France Press.

Os presidentes também falaram sobre um acordo bilateral econômico, tecnológico e diplomático, que ainda será desenvolvido até 7 de setembro, quando Sarkozy deve voltar ao Brasil para as comemorações do Dia da Independência.

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