O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu hoje (1) para que a União Africana condene o golpe de Estado em Honduras durante a 13ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da instituição, organizada pelo líder líbio Muamar Kadhafi, em Sirta, Líbia.
“Queria pedir que em um comunicado final que esta reunião inclua uma condenação ao golpe de Estado que acaba de suceder em Honduras neste domingo (28), e que o presidente democraticamente eleito regresse ao poder”, declarou Lula durante a abertura do evento do qual participa como convidado de honra.
Crise econômica
O presidente também destacou o importante papel a ser desempenhado pelos países diante da atual crise econômica, explicando que antes a América Latina e a África eram deixadas de lado enquanto hoje são consideradas parte integrante da resolução do problema.
“É tempo para que Brasil e África coloquem em marcha novas normas de cooperação econômica sem a intervenção estrangeira”, disse Lula, que foi o primeiro chefe de Estado brasileiro a ser convidado para discursar na história da cúpula.
Durante o encontro Lula afirmou que o futuro do país está ligado ao africano, que considera uma das prioridades de sua política exterior e pediu ao continente que junto ao Brasil “escrevam sua história e um futuro comum”.
Acordo
Durante a cúpula, Brasil e África deverão assinar três ajustes complementares a um acordo de cooperação técnica firmado anteriormente. O primeiro prevê o crescimento, se estendendo para mais países da União Africana, da fazenda-modelo montada pelo Brasil em Mali. Há também previsão de cooperação agrícola em áreas de capacitação de pequenos agricultores e técnicas de comercialização e acesso a mercados e ainda em áreas de desenvolvimento social.
“A África não quer ser mais colonizada e essa tem sido a discussão que tenho feito com os países mais ricos da Europa e com os Estados Unidos. O Brasil está disposto a construir parcerias para investimentos no continente africano, seja com a União Européia seja com os Estados Unidos”, afirmou Lula ontem ao chegar à Líbia.
“Se o mundo desenvolvido quiser mudar a face de pobreza da África não é dar dinheiro, é construir projetos de parceria para o desenvolvimento e o próprio mundo rico comprar as coisas que são produzidas no Continente Africano, como biocombustíveis”, disse citando investimentos brasileiros em países africanos como a instalação de um escritório da Embrapa em Gana, os projetos de produção de biocombustíveis, além de iniciativas de capacitação profissional em países de língua portuguesa.
Dívida histórica
Lula se pronunciou ainda sobre a dívida histórica que o Brasil, os Estados Unidos e a União Européia têm com o continente africano. “A dívida que nós temos é impagável do ponto de vista econômico, do ponto de vista financeiro, mas ela pode ser paga com solidariedade, com os investimentos em projetos de desenvolvimento para que a gente veja a África crescer, se desenvolver, gerar empregos e garantir o fortalecimento da democracia e o fortalecimento de um regime de paz em todo o continente”, disse.
O presidente ainda destacou o potencial comercial da aproximação a África, já que desde 2002 as trocas comerciais entre as duas regiões cresceram cinco vezes.
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