Quarta-feira, 14 de maio de 2025
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O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, prestou solidariedade ao seu homólogo colombiano, Gustavo Petro, nesta quinta-feira (10/10), que denunciou estar sofrendo uma tentativa de golpe em meio a um processo aberto pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país. 

Ao expressar apoio, o mandatário brasileiro destacou que “já foi vítima de todo tipo de perseguição política”, e lembrou que, em 2016, a ex-presidente Dilma Rousseff também enfrentou “um processo de impeachment sem fundamentação legal”. 

“Como alguém que já foi vítima de todo tipo de perseguição política, manifesto minha solidariedade ao presidente Gustavo Petro. Não se pode abrir mão do devido processo legal, ainda mais quando o que está em jogo é a vontade do povo expressa democraticamente pelas urnas. Lembro que, em 2016, a presidenta Dilma foi vítima de um processo de impeachment sem fundamentação legal e esse foi o início de um período turbulento e traumático na história do Brasil”, escreveu Lula no X.

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Na terça-feira (08/10), o mandatário colombiano classificou como “início do golpe de Estado” um anúncio feito pelo órgão eleitoral do país, referente à abertura de um processo para investigar possíveis irregularidades no financiamento da campanha da coalizão governista Pacto Histórico nas eleições presidenciais de 2022.

De acordo com Petro, o CNE violou a Constituição ao apresentar falsas provas contra seu governo, que logo foram rebatidas e esclarecidas pelo próprio mandatário em discurso.

Já na quarta-feira (09/10), Petro afirmou que o ex-vice-presidente Germán Vargas Lleras (2014-2017) seria um dos cúmplices da tentativa de golpe na Colômbia.

Segundo o mandatário, “esta estratégia (de questionar a vitória de Petro nas eleições de 2022) foi proposta explicitamente por Néstor Humberto Martínez (ex-procurador geral da Colômbia) e por Germán Vargas Lleras”.

Bastidores do processo

A Sala Plena do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Colômbia abriu na terça-feira uma investigação contra Gustavo Petro por supostamente ter extrapolado o limite de financiamento de sua campanha presidencial, em 2022. No processo foram incluídos o gerente de campanha e atual presidente da Ecopetrol, Ricardo Roa; a tesoureira, Lucy Aydée Mogollón; os auditores María Lucy Soto e Juan Carlos Lemus; e os partidos Colômbia Humana e Unión Patriótica (UP).

Todos os indiciados foram acusados por extrapolar o limite de gastos em mais de 5,3 bilhões de pesos (aproximadamente R$ 7 milhões). O órgão afirma também que a Federação Colombiana de Educadores (Fecode) fez doações para a campanha, o que é proibido pela lei eleitoral do país.

A investigação nasceu de um parecer assinado por dois juízes do órgão eleitoral que militam em partidos de direita. Um deles é Benjamín Ortíz Torres, membro do Partido Liberal, legenda de centro-direita que apoiou Federico Gutiérrez, candidato que foi terceiro colocado nas eleições de 2022.

O outro juiz vinculado ao processo é Álvaro Hernán Prada, ex-militar e membro do partido de extrema direita Centro Democrático, dos ex-presidentes Álvaro Uribe (2002-2010) e Iván Duque (2018-2022) – este último antecessor de Petro.

A participação de Álvaro Hernán Prada como juiz eleitoral no processo contra Petro é o principal foco de controvérsia do caso, já que o mesmo está sendo investigado pela Suprema Corte de Justiça da Colômbia por manipulação de testemunhas e fraude processual, crimes que ele supostamente teria cometido para beneficiar o ex-presidente Uribe em um caso que o político de extrema direita responde por corrupção.

Prada está envolvido no processo de Uribe desde 2019, mas passou a ter foro privilegiado a partir de 2021, após ser nomeado como membro do CNE pelo ex-presidente Duque. Os três formam parte do mesmo partido de extrema direita, o Centro Democrático.

(*) Com Telesur.