O presidente da França, Emmanuel Macron, reiterou nesta quinta-feira (05/12) que considera o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia “inaceitável”, em meio à expectativa pelo anúncio da conclusão das negociações na cúpula do bloco sul-americano em Montevidéu, no Uruguai, que acontece até a próxima sexta-feira (07/12).
O posicionamento de Paris chega após a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, desembarcar na capital uruguaia e dizer que a “linha de chegada” para o tratado está “próxima”.
“O projeto de acordo entre a UE e o Mercosul é inaceitável tal como está. O presidente Macron voltou a dizê-lo hoje à presidente da Comissão Europeia”, afirma uma mensagem publicada pelo Palácio do Eliseu, sede da Presidência francesa, nas redes sociais.
“Continuaremos a defender nossa soberania agrícola”, acrescentou a nota.
Le projet d’accord entre l’UE et le Mercosur est inacceptable en l’état. Le Président @EmmanuelMacron l’a redit aujourd’hui à la présidente de la Commission européenne.
Nous continuerons de défendre sans relâche notre souveraineté agricole.
— Élysée (@Elysee) December 5, 2024
O encerramento das negociações da parte técnica do acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul deve ser anunciado nesta sexta-feira, segundo fontes próximas dos negociadores do Mercosul.
Segundo os relatos, durante a cúpula, UE e Mercosul não vão assinar “o texto do acordo”, ou seja, “o instrumento jurídico”, mas vão emitir “uma declaração conjunta confirmando a conclusão da parte técnica”.
Além disso, a presidente da Comissão Europeia, que também participará da reunião no Uruguai, anunciará um fundo de cooperação em questões ambientais em favor dos países do Mercosul.
“Otimismo” de Lula
A chegada de von der Leyen ao Uruguai para participar da cúpula do Mercosul aumentou a expectativa do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva sobre a possível assinatura do acordo entre os blocos.
“O otimismo do presidente aumentou após saber que Von der Leyen já está no Uruguai”, afirmou uma fonte do Palácio do Planalto à ANSA.
Lula tem defendido ativamente a formalização do acordo de livre comércio entre Mercosul e UE e já deu seu aval ao texto negociado pelas delegações dos dois lados.
O presidente já se reuniu três vezes com Von der Leyen para tratar do tema em 2024: durante a cúpula do G20 no Rio de Janeiro, à margem da Assembleia Geral da ONU em Nova York e na cúpula do G7 na Itália.
O acordo comercial entre Mercosul e UE é negociado há 25 anos, e um texto chegou a ser anunciado em 2019, mas nunca foi ratificado. Em 2023, as discussões foram reabertas devido a novas exigências ambientais de Bruxelas que não foram bem recebidas pelos países sul-americanos.
Embora conte com o apoio da Alemanha o acordo enfrenta resistência dos governos de países como França e Polônia, pressionados por agricultores que temem a concorrência de produtos do Mercosul. Já a Itália se diz favorável ao tratado, mas pede mudanças no capítulo sobre agropecuária.
(*) Com Ansa