O presidente francês, Emmanuel Macron, fez um pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão na noite desta quinta-feira (05/12), um dia após uma moção de censura derrubar o seu primeiro-ministro, Michel Barnier.
Durante o discurso, o chefe de Estado prometeu nomear um novo premiê em breve, lançou críticas duras aos partidos extremistas que “se uniram em nome da desordem” e garantiu que não vai renunciar antes do final do mandato, como reivindicam alguns de seus opositores.
O presidente Emmanuel Macron começou o pronunciamento dizendo que sua decisão de dissolver a Assembleia Nacional em junho, que mergulhou a França em uma crise política, “não foi compreendida”. O chefe de Estado disse que “muitos me criticaram por essa decisão, e sei que muitos continuarão a fazê-lo. É um fato e é minha responsabilidade”.
Mas em seguida Macron lançou críticas severas aos deputados que votaram a moção de censura que derrubou seu premiê na véspera, em especial os representantes do partido Reunião Nacional, de extrema direita. “Os deputados do Reunião Nacional escolheram votar em uma moção de censura que dizia o contrário do próprio programa do partido e que insultava seus próprios eleitores. Fazendo isso, eles apenas escolheram a desordem, que é o único projeto que os une à extrema esquerda”, disse o presidente francês, acusando esses políticos de, com uma dose de cinismo, pensarem “em uma única coisa, a eleição presidencial”.
Porém, o chefe de Estado se mostrou combativo, e descartou a hipótese de uma renúncia antecipada, como pedem alguns de seus opositores. “Meu mandato é de cinco anos e eu o exercerei até o fim”, martelou, lembrando ainda que não pode tentar se reeleger em 2027.
“Temos 30 meses para que o governo possa agir para fazer da França um país mais justo”, disse, em alusão ao tempo que resta para terminar seu mandato. “Devem ser 30 meses de ação útil para o país. O governo deve partir do real, e não das inverdades”, completou.
França continua sem primeiro-ministro
Ao contrário do que se cogitou nas últimas horas, Macron não anunciou o nome de um novo chefe do governo. Segundo ele, o próximo primeiro-ministro será escolhido “nos próximos dias” e será responsável por “formar um governo de interesse geral que represente todas as forças políticas” e que “se comprometa a não censurá-lo”.
O chefe de Estado também prometeu que um “projeto de lei especial” seria apresentado no Parlamento em meados de dezembro para “aplicar em 2025 as escolhas (orçamentárias) de 2024”.
A “prioridade” do novo primeiro-ministro será o orçamento, insistiu o presidente. “Essa lei temporária garantirá a continuidade dos serviços públicos e a vida do país, conforme previsto em nossa Constituição. Ela aplicará em 2025 as escolhas feitas em 2024”, repetiu.