O presidente da França, Emmanuel Macron, rebateu nesta terça-feira (02/07) as acusações feitas pela líder de extrema direita, Marine Le Pen, do partido Reunião Nacional, durante uma entrevista concedida à rádio France Inter, na qual sugeriu que o mandatário estaria planejando um “golpe de Estado administrativo” a quatro dias do segundo turno das eleições legislativas no país.
Em comunicado, a presidência francesa pediu a Le Pen para mostrar “compostura” e “moderação”, desmentindo as alegações manifestadas ao veículo. O governo explicou que a reunião do Conselho de Ministros, em que se discutem possíveis novas nomeações – e que ocorrerá na quarta-feira (03/07), conforme a agência France-Presse –, são realizadas com frequência semanal. Ou seja, não se trata de um evento isolado para prejudicar a governança de extrema direita em caso de vitória no domingo (07/07), como foi declarado pela deputada.
“Há 66 anos, todas as semanas se realizam nomeações e deslocamentos, sobretudo no verão, independentemente do momento político que as nossas instituições atravessam, e não há qualquer intenção de alterar estas disposições nos próximos meses”, garantiu a nota.
Acusação de Le Pen
Mais cedo, Marine Le Pen alegou que o presidente Macron estaria supostamente apressando a nomeação de altos funcionários no governo para impedir que os partidos de extrema direita, em caso de vitória nas legislativas de domingo, tenham liberdade governativa.
“É uma espécie de golpe de Estado administrativo”, disse a líder conservadora à France Inter, referindo-se a reportagens da imprensa local relatando que o mandatário estava acelerando várias nomeações de alto escalão no serviço público do país, incluindo altos cargos na União Europeia, segundo o jornal Le Monde.
“Quando você quer contrariar o voto do eleitorado, os resultados das eleições, nomeando pessoas próprias, para que eles impeçam você dentro do Estado de poder executar a política que os franceses querem… Eu chamo isso de golpe de Estado administrativo”, afirmou Le Pen.
De acordo com Le Monde, na última reunião do Conselho de Ministros realizada em 26 de junho, antes do primeiro turno das legislativas, a presidência deu início a um amplo movimento para nomear altos funcionários públicos. Entre eles, o governador militar de Paris, o novo chefe do Estado-Maior da Força Aérea francesa, o novo diretor da União Europeia no Ministério das Relações Exteriores e três embaixadores.
Le Pen avaliou que “o objetivo” das nomeações é “impedir que Jordan Bardella [sua escolha para primeiro-ministro] governe o país como deseja”. Acrescentou ainda que, se seu partido chegar ao poder, reverterá essas nomeações para “poder governar”.