Macronismo está em risco com eleições legislativas antecipadas na França?
Sete anos depois da sua chegada ao poder, presidente antecipou derrocada do seu campo político com decisão de dissolver Assembleia Legislativa e convocar novas eleições
A dissolução da Assembleia Legislativa por Emmanuel Macron em 9 de junho foi considerada pela imprensa, eleitores e até apoiadores próximos um “tiro no pé”. O presidente francês, que tinha uma maioria relativa no plenário, agora terá de governar lado a lado com adversários políticos. Antes do anúncio dos resultados do 2° turno, neste domingo (07/07), ainda não é possível prever como ficará o cenário político no país, mas uma coisa é certa: o macronismo foi o que mais saiu perdendo.
A revista Le Nouvel Obs traz uma reportagem falando na “dissolução” do macronismo. Sete anos depois da sua chegada ao poder, o presidente antecipou a derrocada do seu campo político com a decisão de dissolver a Assembleia Legislativa e convocar novas eleições, considerada por apoiadores como “uma completa loucura”, algo “terrível” e “irresponsável”, diz a matéria.
“A experiência política que foi o macronismo está hoje agonizando”, afirma, em entrevista à Le Nouvel Obs um antigo simpatizante de Macron.
O bloco de centro-direita, que tinha 250 deputados, foi diminuído drasticamente. Alguns ministros, figuras conhecidas do macronismo, não conseguiram nem chegar ao segundo turno e outros não passarão dele. Projeta-se atualmente um cenário em que um número majoritário de parlamentares será do partido de extrema direita Reunião Nacional, de Marine le Pen e Jordan Bardella. Mesmo que estes não tenham a maioria absoluta, será com eles que Macron terá de governar nos seus últimos três anos no Palácio do Eliseu.
A revista L’Express fala em “dissolução moral” e da “queda” de Macron. A reportagem de capa inclui uma entrevista com o empresário e conselheiro político Alain Minc, que apoiou Macron em 2017. Ele afirma que não se pode perdoar a atitude do presidente e suas consequências, e destaca:

Emmanuel Macron/Twitter
Presidente francês, que tinha uma maioria relativa no plenário, agora terá de governar lado a lado com adversários políticos
“Essa dissolução é o resultado de um narcisismo elevado a um estado quase que patológico, que conduz à negação da realidade”.
Por fim, o semanário ainda faz uma análise do cenário francês visto pelos olhos da imprensa internacional. “O mundo permanece espantado com a autodestruição de Macron”, conclui.
Dançando nas ruínas
Para a revista Le Point, apesar do cenário catastrófico, o presidente francês aparenta estar impassível. Segundo fontes próximas, ele teria comemorado o aumento na participação da população nas urnas e minimizou os fatos dizendo que “a situação não é tão ruim assim”.
Entretanto, a reportagem traz o depoimento de antigos colabores do partido presidencial, todos unânimes ao opinar sobre a decisão do presidente: “ele nos implodiu”, “foi uma grande estupidez”, disseram. Para a reportagem, “mais do que nunca, Emmanuel Macron dança nas ruínas da paisagem política”.