O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, em viagem à Rússia como convidado à cúpula do BRICS, foi recebido nesta quinta-feira (24/10) pela presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, Dilma Rousseff.
Durante a reunião com a chefe do banco do BRICS, que tem como objetivo financiar projetos de infraestrutura em países emergentes e em desenvolvimento, Abbas abordou as difíceis condições econômicas e financeiras pelas quais a Palestina está passando, em decorrência da agressão israelense na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, segundo a agência de notícias Wafa.
O representante do governo palestino ainda denunciou o cerco financeiro praticado por Israel por meio da retenção contínua de fundos de liberação e do estrangulamento da economia palestina.
Apesar da não menção à ajuda para a reconstrução de Gaza por parte da instituição financeira dos BRICS, a Organização das Nações Unidas (ONU) calcula que poderia levar até 7 décadas para que a economia da Faixa se recuperasse a níveis anteriores à guerra.
Caso a reconstrução começasse imediatamente e fosse mantida a baixa taxa de crescimento do PIB de Gaza dos últimos anos, de 0,4%, a economia da faixa só retornaria a níveis pré-guerra em 2092.
Palestina no BRICS
Na 16ª Cúpula de líderes do BRICS, Abbas também confirmou a intenção da Palestina em se juntar ao BRICS.
“Expressamos gratidão aos líderes do BRICS por sua posição sobre a questão palestina e, sob essa luz, reafirmamos o desejo da Palestina de se juntar à organização”, declarou.
Segundo ele, a Palestina “está disposta a participar de todos os eventos do BRICS” para atingir os objetivos da organização, e gostaria de “construir relações estratégicas” com os membros do grupo.
“Espero que o pedido de adesão da Palestina ao BRICS seja aprovado o mais breve possível”, acrescentou o líder palestino.
De acordo com Abbas, embora a disposição de vários países em aderir ao BRICS indique “uma necessidade urgente de estabelecer uma ordem mundial equilibrada e justa”, o sistema internacional existente “demonstra a incapacidade de resolver crises que assolam o mundo, em particular a questão palestina”.
Em 26 de agosto de 2024, o embaixador palestino na Rússia, Abdel Hafiz Nofal, anunciou que a Palestina se candidatará para se juntar ao BRICS após a cúpula em Kazan.
No último dia de evento, nesta quinta-feira (24/10), os países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) chegaram a uma definição de 13 países para se juntar à associação na categoria de “Estados parceiros”: Turquia, Indonésia, Argélia, Belarus, Cuba, Bolívia, Malásia, Uzbequistão, Cazaquistão, Tailândia, Vietnã, Nigéria e Uganda.
Apesar de deixar a Palestina de fora, o bloco não ignorou a questão em seu documento final. Na declaração emitida na última quarta-feira (23/10), os países condenaram o deslocamento forçado dos civis palestinos pela ofensiva de Israel na Faixa de Gaza e os ataques de Tel Aviv contra instalações humanitárias e a infraestrutura civil do enclave, sem mencionar o grupo palestino Hamas.
O grupo de economias emergentes também expressou preocupação com a nova escalada do conflito, pediu o cessar fogo imediato e a libertação dos reféns israelenses e prisioneiros palestinos.
“Confirmamos nosso apoio à admissão do Estado da Palestina como membro pleno da ONU no contexto de um compromisso inabalável com o conceito de coexistência dois estados com base no direito internacional”, disse ainda o documento.
(*) Com Agência Brasil, TASS e Wafa