Sexta-feira, 11 de julho de 2025
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Desde o início deste mês, protestos têm se intensificado em Bangladesh contra um sistema de cotas que reserva mais da metade dos cargos públicos a alguns setores da sociedade, incluindo filhos de veteranos da guerra de libertação de 1971 contra o Paquistão.  

De acordo com a Agência France Press (AFP), já são 115 mortos e o governo central determinou toque de recolher e o envio de militares às ruas. A maioria das mortes foi causada por disparos de munição real das forças policiais contra os manifestantes, segundo relatos de funcionários do sistema de saúde local à AFP.  

Por conta dos protestos, a primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, cancelou neste sábado (20/07) viagens que faria entre domingo e terça-feira à Espanha e ao Brasil. A informação foi confirmada à agência pelo secretário de imprensa do governo bangladeshiano, Nayeemul Islam Khan. 

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Campanha ‘Free Palestina’

Na sexta-feira (19/07), manifestantes invadiram uma prisão e libertaram centenas de detentos no distrito de Narsingdi, na região central do país, a cerca de 50 km da capital Daca, e atearam fogo nas instalações. A polícia local ainda não confirmou o número de prisioneiros que teriam escapado na ação.  

Além dos estudantes, a principal força de oposição, o Partido Nacionalista de Bangladesh (BNP) têm se somado aos protestos contra a primeira-ministra, que acusa de corrupção, violação dos direitos humanos e falta de democracia. A oposição pede uma mudança de governo antes mesmo das eleições gerais no país, previstas para janeiro de 2025. 

Twitter/KM Saif-Ur-Rahman
Em julho de 2018, estudantes organizaram protestos massivos por uma reforma do sistema educacional e contra a insegurança nas estradas de Bangladesh

Contexto 

Há seis anos, Bangladesh tem vivido períodos de instabilidade política. Em julho de 2018, estudantes organizaram protestos massivos por uma reforma do sistema educacional e contra a insegurança nas estradas do país. Durante as manifestações, duas pessoas foram mortas e outras centenas ficaram feridas.  

Em julho de 2023, novos protestos tomaram conta do país pedindo a renúncia da primeira-ministra, diante do aumento da inflação e do custo de vida, principalmente no preço dos alimentos. Segundo o partido BNP, a repressão policial resultou em dezenas de feridos mais 120 pessoas foram presas. 

Já em novembro do mesmo ano, trabalhadores do setor têxtil paralisaram as fábricas e fizeram diversos protestos pelo país em luta por melhores salários. O setor representa cerca de 80% das exportações de Bangladesh, que é o segundo maior exportador mundial de roupas.