Mais de 50.000 cubanos se reuniram na Praça da Revolução “Mariana Grajales Coello”, na cidade de Guantánamo, na última quarta-feira (26/02), para protestar contra a política externa dos EUA, além de reafirmar seu compromisso com a paz e a soberania do povo cubano sobre seu território. A manifestação anti-imperialista também é uma resposta ao projeto do governo Trump de transformar a Base Naval dos EUA em uma enorme prisão para cerca de 30.000 migrantes deportados que o governo dos EUA considera “criminosos perigosos”.
“Mais de 50.000 guantanameros estão convocados, em nome dos cubanos, para demonstrar a unidade nacional em favor da paz, da soberania e da rejeição da política hostil dos Estados Unidos contra a ilha”, disse Juana Eglis Fernández Louit, secretária-geral da Central de Trabalhadores de Cuba na província oriental, ao jornal cubano Granma antes do ato.
Ela também disse que a posição anti-imperialista de Cuba seria reafirmada em resposta à decisão do governo dos EUA de transferir até 30 mil migrantes considerados criminosos perigosos para as instalações da base naval ilegal dos EUA na Baía de Guantánamo.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores de Cuba, a decisão de Trump poderia gerar “um cenário de risco e insegurança na base e em seus arredores, ameaçar a paz e se prestar a erros, acidentes e interpretações errôneas que poderiam alterar a estabilidade e provocar graves consequências”.

Cuba exige devolução de seu território por meio da diplomacia, mas também por meio da constante mobilização popular
Por enquanto, sabe-se que, após a rápida passagem de 170 migrantes venezuelanos que foram deportados para a Venezuela pela base militar, o governo Trump suspendeu momentaneamente a instalação de tendas em Guantánamo que deveriam acomodar os milhares de migrantes deportados.
No entanto, os EUA certamente não estão suspendendo seu controle sobre a base. Para demonstrar o compromisso do governo Trump com a política dos EUA, o chefe do Pentágono, Pete Hegseth, viajou para a Base Naval de Guantánamo na última terça-feira (25/02). De acordo com o Pentágono, “a viagem do secretário ressalta o compromisso do Departamento em garantir a segurança e a eficácia operacional da Estação Naval de Guantánamo”.
Os Estados Unidos mantiveram sua infame base da Baía de Guantánamo apesar das exigências históricas do governo cubano. Além de sua localização estratégica na maior das ilhas das Antilhas, os Estados Unidos decidiram agora fortalecer sua presença em Cuba, aparentemente como uma mensagem de seu poder militar e regional diante do desafio histórico representado pela existência de um país socialista nas fronteiras da potência militar mais importante do mundo.
No entanto, apesar da constante recusa dos Estados Unidos em se retirar do solo cubano, bem como da exigência de remover o bloqueio econômico e comercial que já dura mais de 60 anos, Cuba continua exigindo a devolução de seu território soberano por meio das respectivas manobras diplomáticas, mas também por meio da constante mobilização da população.
(*) Publicado originalmente em Peoples Dispatch e traduzido por Opera Mundi