Com um cenário indefinido, os bolivianos vão às urnas neste domingo (21/02) decidir se um presidente da República pode ou não ser reeleito duas vezes de maneira consecutiva no país. Na prática, as 6,5 milhões de pessoas aptas a votar vão definir se um mandatário pode exercer o cargo por 15 anos.
Impulsionando o voto pelo sim está o presidente Evo Morales, um dos mais bem avaliados do continente e que foi reeleito em 2014, com cerca de 60% dos votos, para um mandato até 2019. Contrários à segunda reeleição, há diversos setores da oposição boliviana que defendem que o referendo será a primeira derrota política de Evo.
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Para acompanhar o processo, mais de cem observadores de diferentes organismos internacionais estão no país. De acordo com o TSE (Tribunal Supremo Eleitoral), estão presentes representantes da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) e da OEA (Organização dos Estados Americanos).
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Sim
Impulsionando o “sim” estão o presidente Evo e o vice, Álvaro García Linera, e o partido MAS (Movimento ao Socialismo), que defendem a chamada Agenda Patriótica 2025.
Agência Efe
Encerramento da campanha pelo 'sim' contou com milhares de pessoas em La Paz na quarta (17/02)
A campanha favorável à dupla reeleição se baseou nas conquistas alcançadas nos dez anos de gestão do MAS na presidência, período no qual o país teve significativas melhorias econômicas, conseguiu eliminar o analfabetismo e reconheceu as comunidades indígenas bolivianas, fazendo do país uma República Plurinacional.
“O povo é sábio e por isso apostará na continuidade, estabilidade e revolução pacífica”, afirmou Evo nas últimas declarações antes do silêncio eleitoral vigente desde sexta-feira (19/02). Ele ressaltou ainda que durante seu governo, o país recuperou a soberania, dignidade e a Pátria.]
O presidente deixou claro que reconhecerá o resultado das urnas seja ele qual for.
Não
Os opositores, defensores do “não” argumentam que se trata de uma tentativa de “perpetuação do poder”, além de evidenciarem as denúncias de corrupção e suposto enriquecimento ilícito de dirigentes do MAS, incluindo Evo e Linera.
Agência Efe
Parlamentares de oposição defendem o voto pelo 'não'
Eles dizem também que o mandatário abandonou a defesa da Pachamama (mãe natureza) para adotar uma política de extrativismo, que é incompatível com o meio-ambiente.
O ex-candidato presidencial Samuel Doria Medina, derrotado duas vezes por Evo, garante que o “Não” “triunfará com pelo menos dez pontos de vantagem”. Ele atribui a possível derrota do presidente às denúncias de corrupção que atingem dirigentes do MAS, entre eles uma ex-ministra detida preventivamente. Para o ex-viceministro de Terras de Evo Alejandro Almaraz, a derrota do mandatário representará a “conquista da democracia”.
Pesquisas
Pesquisas de opinião realizadas na última semana indicam que o cenário atual é de empate em 40% para ambas as partes e 20% de indecisos, que seriam os fiéis da balança do referendo.
O levantamento feito pela pesquisadora Equipos Mori, divulgada a 10 dias da votação, o “sim” vence nas áreas rurais e o “não” nas regiões urbanas do país.