Homens armados da milícia Bassij – grupo de estudantes leais ao aiatolá e subordinados à guarda revolucionária iraniana – atiraram em manifestantes que protestavam contra a suposta fraude nas eleições, matando pelo menos uma pessoa, de acordo com um fotógrafo da AP que estava no local. Os tiros foram disparados na praça Azadi (Liberdade), em Teerã, onde centenas de milhares de pessoas se reuniram hoje (15) para demonstrar apoio ao candidato derrotado, o reformista Mir Houssein Mousavi.
Um dia antes da manifestação Mousavi e seus aliados alertaram para o perigo de confrontos e o evento chegou a ser cancelado. No entanto, o ex-primeiro-ministro decidiu comparecer ao local e pediu calma. Mousavi disse a seus apoiadores que pedirá por novas eleições.
Segundo o blog Rotten Gods, que tem reunido e postado conteúdo feitos por pessoas nos protestos, há relatos de que até oitos pessoas teriam morrido no confronto, mas ainda não é possível confirmar esse número. Nas ruas, manifestantes estariam gritando “Eu matarei quem matou o meu irmão”.
Nas ruas, os participantes dos protestos usam detalhes em verde, cor do líder reformista. Com cartazes trazendo os dizeres “Isto não é eleição. Isto é seleção” e “Queremos nosso voto!”, os manifestantes já conseguiram promessas de investigação dos resultados por parte do aiatolá Ali Khamenei, autoridade máxima do país. Será um acontecimento sem precedentes na história do país caso as eleições sejam anuladas.
“Hoje, vamos reunir aqui mais de um milhão de pessoas, apesar de terem tentado de todas as maneiras impedir que as convocássemos”, disse à Agência Efe um dos membros da campanha do reformista. “Estamos preparados para participar de uma nova eleição presidencial. O voto do povo é muito mais importante que Mousavi ou qualquer outra pessoa”, concluiu.
Estudantes da Universidade de Teerã disseram que ontem à noite dezenas de policiais e voluntários da milícia Basij invadiram os dormitórios do centro de ensino. “Eles entraram e queimaram tudo. Bateram nas pessoas e pelo menos quatro pessoas morreram”, disse à Efe um estudante que mostrava uma foto de um quarto incendiada. O número de mortos não foi confirmado oficialmente.
EUA
Os Estados Unidos manifestaram hoje sua preocupação com a situação no Irã após as eleições de sexta-feira. O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, disse que a Casa Branca está “preocupada” com o que viu no Irã, país com o qual não há relações desde 1980.
“Obviamente, os iranianos também estão prestando atenção no ocorrido”, acrescentou.
Gibbs, que em nenhum momento quis falar de fraude, destacou o “entusiasmo” demonstrado pelos jovens iranianos no pleito.
Sobre as declarações feitas no fim de semana pelo vice-presidente Joseph Biden, que disse haver “dúvidas” sobre a legitimidade dos resultados na votação iraniana, o funcionário afirmou que “é preciso saber quais foram os resultados e analisá-los”.
Por enquanto, a Casa Branca “não tem mais nada a acrescentar”, destacou Gibbs, que citou o programa nuclear e o terrorismo como as maiores preocupações do governo americano no Irã.
“O importante é que as preocupações que temos com o programa de armas nucleares e com o apoio do Irã ao terrorismo não mudaram desde a sexta-feira”, ressaltou o porta-voz.
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