O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, afirmou hoje (17) que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) são cínicas ao tentar ganhar a confiança da população libertando reféns ao mesmo tempo em que matam indígenas colombianos.
“Não nos preocupa que façam política com as libertações, nos interessa é que haja liberações. O que nos preocupa é que combinem as diferentes formas de luta”, afirmou, depois de reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília.
“[As Farc] querem ganhar prestígio político com as libertações, e simultaneamente têm o cinismo de ensanguentar as ruas de várias cidades colombianas com carros-bomba e de assassinar indígenas e tratar de justificar esses assassinatos”, complementou.
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População indígena é alvo de violência
A guerrilha assumiu responsabilidade pela morte de oito índios da etnia awá no departamento de Nariño, no sudoeste do país, com o argumento de que eles atuavam como informantes das Forças Armadas da Colômbia. Segundo os indígenas, pelo menos 27 pessoas foram mortas pelas Farc, e nem todos os corpos foram encontrados.
Mas o Exército teria agido brutalmente no contato com os indígenas e tido responsabilidade indireta pela atitude das Farc, segundo contou ao Opera Mundi o secretário-geral da Organização Nacional dos Indígenas da Colômbia (Onic), Luis Fernando Arias.
Violação do direito humanitário?
Os militares, diz ele, entraram nas residências dias antes do massacre sem autorização, “violando o direito internacional humanitário”, e exigiram colaboração, com informações sobre paradeiro dos guerrilheiros, atividades etc. Também acusaram muitos de serem guerrilheiros. Após a passagem deles, as Farc, por suspeitaram que estivessem ajudando o inimigo, teriam cometido os assassinatos.
“Essa retaliação ocorreu não porque os indígenas sejam colaboradores do Exército, mas porque o Exército entrou em suas casas. Essa é uma situação extremamente complicada, por que o que podem fazer os indígenas, que estão desarmados, quando um grupo com armas chega às suas casas buscando informação e tratando de associar os indígenas à guerrilha?”, questiona Arias.
De acordo com Uribe, foi nomeado um general do Exército para fazer a ponte com os indígenas, que já se declararam neutros na disputa entre o governo e a guerrilha. “Algumas comunidades indígenas da Colômbia já entenderam que a nossa política de segurança é para o bem de todos os colombianos. Com eles, funcionaram bem os enlaces de confiança com o Exército”, afirmou o presidente.
Uribe disse também que a prioridade no governo colombiano deve ser desenvolver mecanismos para proteger de forma mais eficaz a população. “O que há hoje é uma nova expressão do delírio terrorista das Farc, que obriga a Colômbia a agir”.
Acordos bilaterais
Ele se reuniu com o presidente Lula para a assinatura de dois atos de cooperação bilateral, um para desenvolvimento de tecnologia espacial e o segundo para cooperação técnica na implementação do projeto “Cooperação para o Fortalecimento do Sistema e do Processo de Proteção da Propriedade Industrial na Colômbia”.
Também foi criada uma comissão bilateral Brasil-Colômbia, para aprofundar o diálogo político e a cooperação entre os dois países, discutir a agenda bilateral e incentivar as trocas comerciais.
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