Mauro Vieira afirma que cortar relações com Israel ‘não está em consideração’
Na Rússia, chanceler brasileiro falou que Brasil 'acredita no diálogo' e comentou sobre as possíveis novas adesões ao BRICS
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, afirmou nesta quarta-feira (23/10) que “não está em consideração” Brasília romper relações diplomáticas com Israel. Um possível rompimento entre os países seria uma resposta diante do massacre israelense contra os palestinos em Gaza.
A Opera Mundi, o chanceler brasileiro disse que a diplomacia do país acredita no diálogo, que “conversar, sempre dialogando pelos canais diplomáticos, é melhor”. A declaração durante uma entrevista coletiva de Vieira aos jornalistas no âmbito da 16ª Cúpula do BRICS em Kazan, na Rússia.
“Então, não está em consideração romper relações porque isso não leva a nada. Só leva ao acirramento da situação e pode levar a conflitos maiores na região. Então isso não está nas nossas considerações”, afirmou.
Questionado sobre quais motivos podem influenciar para que o país opte por não romper as relações, principalmente por conta da questão tecnológica e defesa, Vieira afirmou que não é por esse caminho, já que, segundo ele, há “tantas alternativas, pode-se procurar outros [parceiros]”.
O presidente Lula foi o primeiro chefe de Estado a denunciar os ataques de Israel em Gaza como um genocídio contra os palestinos, comparando o massacre promovido pelas forças militares israelenses ao holocausto promovido pela Alemanha nazista contra os judeus na Segunda Guerra Mundial.
Após a fala de Lula, o governo de Benjamin Netanyahu chegou a declarar o presidente brasileiro como “persona non grata” em Israel, exigindo retratação do mandatário. Por sua vez, Brasília convocou o embaixador de Tel Aviv, até o momento não há representante do Brasil no Estado de Israel.
Vale recordar que Vieira está representante do Brasil na cúpula após o presidente Lula cancelar a viagem por conta de um acidente doméstico que o impediu de realizar viagens de longa distância.

Mauro Vieira esteve na cúpula do BRICS após Lula cancelar participação por conta de um acidente doméstico
Expansão no BRICS
Há uma expectativa de que novos países sejam inseridos ao bloco, que a priori era formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Na última cúpula, em 2023, mais cinco Estados foram incluídos: Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã.
Agora, no 16º encontro, é esperado que novos nomes surjam, um deles seria a Venezuela. Porém, ronda nos bastidores de que o Brasil vetou a entrada do país vizinho.
Questionado, Vieira disse que não houve uma discussão sobre as possíveis entradas, que, na verdade, ocorreram conversas sobre “critérios e os princípios que vão orientar a ampliação do BRICS futuras”.
“Foi discutido, aprovado e houve consenso sobre os princípios e critérios que guiarão essa ampliação. […] Agora, quanto a lista de países, será decidido daqui para frente. Vai haver consultas e a presidência russa fará consultas depois se chegar a uma lista de países, que eu não sei como será, ou que países serão, depois disso, vai consultar com cada um dos dez membros atuais e, depois, vamos declarar e anunciar quais são esses países”, afirmou.
Ainda de acordo com o chanceler, o prazo para que isso seja definido não é definitivo, podendo ser até o final do ano ou “passará para o próximo ano durante a presidência brasileira”.
Opera Mundi perguntou se os critérios para novos ingressos ao bloco continua valendo o de países que não apoiam bloqueios econômicos.
Vieira confirmou, afirmando que o Brasil é contra sanções unilaterais de qualquer país, “qualquer um que seja”. “Nós só aceitamos e transformamos em lei interna os critérios que são aprovados. As sanções são aprovadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, e as sanções unilaterais nós somos totalmente contra. Não há nenhum país no BRICS que imponha sanções unilaterais”, declarou.
