Em Portugal, médicos e enfermeiros fazem uma greve simultânea reivindicando aumentos salariais e melhores condições de trabalho. A paralisação, anunciada para durar 48 horas, começou na terça-feira (24/09), em um momento em que discussões sobre a adoção do orçamento de governo para 2025 estão prestes a começar. Mais de 30 mil profissionais da saúde pública seguem de braços cruzados nesta quarta-feira (25/09).
Médicos e enfermeiros em greve ao mesmo tempo é algo inédito em Portugal. Mas foi mais uma coincidência do que o resultado de uma greve planejada. No entanto, o primeiro dia da greve de 48 horas paralisou, na terça-feira, cerca de 31 mil médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que aderiram ao movimento, causando o cancelamento de milhares de consultas e cirurgias não urgentes.
O segundo dia da greve, nesta quarta-feira, segue com a mesma parcela de participação. De acordo com a Federação Nacional dos Médicos (Fnam), o principal sindicato de médicos do país, que convocou a greve pela sétima vez no espaço de um ano e meio, a mobilização está conforme as expectativas, dada a extensão do descontentamento generalizado.
“Estamos entre os médicos mais mal pagos da Europa”, disse a presidente da Fnam, Joana Bordalo e Sá. “Somos a categoria profissional em Portugal que mais perdeu poder aquisitivo nos últimos dez anos”, acrescentou durante uma manifestação de médicos em frente ao Ministério da Saúde, na capital Lisboa.
Enfermeiros menos unidos, mas igualmente insatisfeitos
Quanto aos enfermeiros, a mobilização é mais polarizada, na medida em que cinco sindicatos do setor negociaram e obtiveram uma atualização salarial. Um valor de € 300 por mês será pago à classe progressivamente até 2027.
Um sexto sindicato de enfermeiras convocou uma greve de dois dias propositalmente para coincidir com a dos médicos. Para o SEP, Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, essa é uma negociação tola, já que o governo deve aos enfermeiros muitos salários atrasados referentes aos anos de 2018 a 2022. O sindicato, que manteve seu movimento de protesto, diz que não há fim à vista.
Governo é condenado a pagar os atrasados
Muito contestado, o ministro português da Saúde prometeu o início das negociações de um acordo coletivo de trabalho em janeiro de 2025. Um movimento semelhante foi realizado no ano passado.
Desde que chegou ao poder após as eleições gerais antecipadas de março, o novo governo minoritário de direita moderada teve que atender às demandas de várias categorias de funcionários públicos.
O executivo do primeiro-ministro Luís Montenegro chegou a um acordo com professores, funcionários do tribunal e a polícia.
O país ibérico corre o risco de uma “crise política e econômica” se o governo e a oposição socialista não chegarem a um acordo para adotar o orçamento do Estado para 2025, alertou o presidente Marcelo Rebelo de Sousa.