As principais bolsas do mundo acompanharam hoje (26) o ritmo do mercado no exterior e fecharam em baixa, após o anúncio de que de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, enfrenta dívidas altas. As bolsas de Wall Street não funcionaram devido ao feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos e, portanto, o volume de negociações no resto do mundo foi mais baixo.
Após ter atingido ontem o maior patamar em 17 meses, a BM&FBovespa encerrou o pregão em baixa de 2,25%, aos 66.391 pontos. O giro financeiro foi de 3,868 bilhões de reais. Os demais mercados seguiram a mesma tendência. O índice IPSA da bolsa de Santiago teve desvalorização de 2,14%; o IPC da Bolsa Mexicana de Valores fechou a 1,92%; e o Merval, da bolsa de Buenos Aires, caiu 4,64%.
O dólar comercial encerrou o pregão desta quinta-feira em alta. A moeda norte-americana fechou cotada a 1,750 real para venda, em valorização de 1,39%.
Entre as principais notícias que influenciaram o mercado brasileiro, está a divulgação do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) sobre a taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do país. O índice caiu para 7,5% em outubro, ante 7,7% em setembro. O resultado ficou levemente acima do mínimo das previsões de analistas, que iam de 7,4% a 8,2%, com mediana de 7,6%.
Já a inflação medida pelo IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15), a prévia da inflação oficial, acelerou para 0,44% em novembro, ante a taxa de 0,18% em outubro, segundo o IBGE. Com este resultado, a inflação acumulada este ano é de 3,79% e, nos últimos 12 meses, de 4,09%.
Dubai
Os riscos de falência do Emirado de Dubai, que controla o conglomerado Dubai World, trouxeram preocupações sobre a situação financeira de alguns países, sobretudo do Leste Europeu, por conta do endividamento e da recessão mundial. Ao anunciar ontem o desejo de adiar o reembolso de parte de sua dívida, o emirado árabe levou insegurança a investidores, que temem inadimplência.
O conglomerado Dubai World anunciou que vai paralisar por seis meses o pagamento de sua dívida. De acordo com o economista David Page, da Investec Securities, uma moratória “aumentaria o receio dos investidores e a incerteza quanto a problemas financeiros mundiais”.
Ele ressaltou, no entanto, que a queda das ações na sessão de hoje precisa ser avaliada dentro do contexto dos ganhos acentuados nas bolsas ao longo do ano. “A queda parece grande em termos diários, mas os mercados percorreram um longo caminho em um período curto”.
Europa
Os índices do mercado de ações europeu fecharam em queda acentuada, pressionados pela desvalorização nos papéis do setor financeiro, que recuaram em meio a receios de que os bancos da região estariam expostos à dívida de Dubai. Além disso, o volume de negociações foi baixo porque as bolsas norte-americanas não abriram por causa do feriado de Ação de Graças nos EUA, o que também colaborou para a queda.
Para Bernard McAlinden, estrategista da NCB Stockbrokers, “qualquer movimento (na Europa) provavelmente será exagerado sem a influência moderadora dos EUA”.
Em Londres, o índice FT-100 caiu 170,68 pontos, mas a bolsa local teve as negociações suspensas por mais de três horas devido a problemas técnicos; em Paris, o índice CAC-40 recuou 3,41%; em Frankfurt, o índice Dax-30 ficou aos 3,25% negativos; em Madri, o índice Ibex-35 desvalorizou 2,58%; e em Milão.
Crise
A moratória de um Estado não é algo frequente. A última aconteceu em 2001, quando a Argentina se declarou inacapaz de honrar os pagamentos da dívida externa, desencadeando tumultos sociais e abrindo uma crise que continuou por vários anos.
Com a recessão global, o cenário se repetiu. Os países contraíram empréstimos com os mercados para financiar seus déficits. De acordo com a agência Moody's, a dívida pública mundial deve vai aumentar 45% entre 2007 e 2010.
Em consequência, os mercados podem parar de comprar títulos de dívida pública e as obrigações emitidas por alguns governos, ameaçando o abastecimento de dinheiro. “Os problemas surgem quando os mercados perdem confiança na capacidade de um país de pagar sua dívida”, resumiu o economista Juan Carlos Rodado, da Natixis.
Os países do Leste Europeu são os mais ameaçados. Depois da extinção da União Soviética, os capitais estrangeiros chegaram em massa à região e saíram logo que surgiu a crise, abalando profundamente suas economias. Hoje, os países bálticos, a Romênia e a Ucrânia (estes últimos, que ainda têm de lidar com crises políticas), lideram o ranking dos países de risco, segundo Rodado.
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