A presidente do México, Claudia Sheinbaum, apontou nesta terça-feira (14/01) que após os incêndios em Los Angeles, na Califórnia, o governo dos Estados Unidos precisará recorrer à mão de obra mexicana para reconstruir as áreas danificadas.
“No devido momento, quando o processo de reconstrução (de Los Angeles) ocorrer, eles exigirão muita mão de obra e não há melhores trabalhadores da construção civil do que os mexicanos”, comentou a mandatária durante uma coletiva de imprensa concedida mais cedo, durante a qual ressaltou a importância da população mexicana para a economia nacional e a dos Estados Unidos.
Apesar das provocações do presidente eleito Donald Trump, o governo de Sheinbaum chegou a enviar uma equipe especial de ajuda humanitária, composta por 72 membros especializados do Ministério da Defesa Nacional, à região norte-americana para apoiar no combate contra os incêndios. O gesto foi agradecido por autoridades locais como o governador da Califórnia, Gavin Newsom.
“Isso é o que os amigos fazem, é disso que se trata os relacionamentos, amigos necessitados ajudando uns aos outros. Queremos estar ao lado do povo do México em tempos de necessidade e desastres e estamos extremamente humildes e gratos pelo fato de a presidente ter se disposto a enviar uma equipe”, declarou Newsom durante a chegada da delegação no estado.
“Nosso governo é humanista, acima de tudo essa é a nossa visão, nosso pensamento, e corresponde ao povo do México. O povo do México é generoso e fraterno. E hoje o governo é baseado no humanismo mexicano. Onde pudermos sempre ajudaremos”, enfatizou Sheinbaum. “Temos sempre nossa solidariedade e apoio, particularmente a esta cidade (Los Angeles), porque somos irmãos”.
En este momento sale el grupo de ayuda humanitaria a Los Ángeles, California. Somos un país generoso y solidario. Gracias al equipo del Plan DN-III-E de la Secretaría de la Defensa, a los combatientes forestales y a @laualzua, coordinadora nacional de Protección Civil. Llevan con… pic.twitter.com/MviVvKCxvE
— Claudia Sheinbaum Pardo (@Claudiashein) January 11, 2025
Os incêndios que atingiram o condado de Los Angeles nos últimos dias foram os mais devastadores da história, com ao menos 24 civis mortos, mais de 180 mil sob ordens de evacuação e cerca de 10 mil estruturas danificadas ou destruídas.

O governo de Claudia Sheinbaum enviou uma equipe especial de ajuda humanitária ao estado da Califórnia para apoiar no combate contra os incêndios
Sheinbaum rejeita comentários de Trump
Durante a coletiva, Sheinbaum rechaçou as acusações de Trump que criminalizam os migrantes, tanto mexicanos quanto de outras nacionalidades. Pelo contrário, sustentou que o grupo traz benefícios à economia dos Estados Unidos, e garantiu que sua posição em relação às questões migratórias será ressaltada durante futuras negociações com Trump.
“Não concordamos com essa ideia de que os migrantes são criminosos. Haverá algumas pessoas que podem ter cometido crimes, mas isso não significa que os migrantes não contribuam para a economia dos Estados Unidos. Sempre vamos dizer e manter isso. E quando estivermos em negociações formais com o governo dos Estados Unidos, também o faremos”, afirmou.
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A mandatária também enfatizou que 80% da renda gerada pelos mexicanos que vivem no país vizinho permanece na economia dos EUA, enquanto os outros 20% são enviados em remessas para o México.
“Imagine que 65 bilhões de dólares vieram de remessas (em 2024), ou seja, 20% de tudo o que eles contribuem, recebem ou economizam; 80% ficam nos Estados Unidos, pagam impostos e muitos deles estão na previdência social. Há uma contribuição muito grande dos mexicanos para os Estados Unidos”, pontuou.
As declarações aconteceram em resposta às ameaças que o republicano tem realizado sobre endurecer as políticas anti-imigração assim que assumir o cargo, em 20 de janeiro. Desde sua campanha eleitoral, Trump reúne uma série de declarações tensas referentes ao México.
O magnata chegou a ameaçar impor tarifas de 25% ao país vizinho se não impedisse a entrada de drogas e de migrantes sem documentos no seu país. Em comentário recente, o republicano sugeriu mudar o nome do Golfo do México para “Golfo da América”. Ele também já afirmou que a nação liderada por Sheinbaum é governado por cartéis e acusou associações ilegais entre empresas para fixar preços de produtos e assim interferir no mercado e na economia.
(*) Com Brasil de Fato