Juntamente com um corretor financeiro e um membro do serviço secreto italiano, foi detido nesta sexta-feira (28/06) um alto funcionário da Cúria romana, monsenhor Nunzio Scarano. As prisões foram ocasionadas pelas investigações da justiça italiana sobre o Ior (Instituto para as Obras Religiosas), o banco do Vaticano.
Nunzio Scarano é membro da Apsa (Administração do Patrimônio da Sede Apostólica), entidade que gere os bens da Santa Sé. De acordo com seu advogado, Silverio Sica, o prelado foi detido em uma paróquia perto de Roma. Ele é acusado de corrupção e fraude, além de difamação.
Segundo o Corriere della Sera, Scarano teria feito um acordo com o membro do serviço secreto Giovanni Maria Zito, com o objetivo de levar 20 milhões de euros, de propriedade de amigos seus, da Suíça para a Itália, em um jato privado. O jornal italiano acrescenta que Zito receberia 400 mil euros pelo “serviço”.
Agência Efe
Imagem de um vídeo liberado pela polícia fiscal italiana mostra momento da prisão do alto prelado não identificado
O Vaticano já havia afastado Scarano de suas funções há um mês por outro motivo: o monsenhor foi acusado, em investigação do Ministério Público de Salerno, de lavagem de dinheiro e levantamentos suspeitos no valor de 560 milhões de euros.
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O padre Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, deu uma declaração dizendo que a Santa Sé “ainda não recebeu qualquer pedido das competentes autoridades italianas sobre o assunto, mas confirma sua disponibilidade a uma colaboração plena”.
O Ior é investigado desde 2010, por suspeita de violação da legislação contra lavagem de dinheiro. A investigação inicial visava o então presidente da entidade, Ettore Gotti Tedeschi, e o diretor-geral, Paolo Cipriani, que foram afastados. Eles eram suspeitos de omissão de nomes de envolvidos em transações financeiras consideradas suspeitas pelas autoridades.
A reputação do Ior, uma instituição privada com sede no Vaticano fundada pelo papa Pio XII em 1942, vem sendo abalada há anos. Um dos escândalos mais famosos em que esteve envolvido ocorreu em 1982, quando o Banco Ambrosiano, do qual era acionista, faliu. Na quarta-feira (26), o papa Francisco criou uma comissão especial para acompanhar as atividades do instituto.