As eleições presidenciais realizadas no México neste domingo (02/06) terminaram com um feito histórico: Claudia Sheinbaum, candidata presidencial do partido Movimento de Regeneração Nacional (Morena), venceu e será a primeira mulher presidente do país.
Apoiada pelo presidente Andrés Manuel López Obrador, Sheinbaum irá comandar o México até 2030. Ademais, ela alcançou o cargo mais importante do país com uma altíssima votação, obtendo pouco mais de 58% das preferências, e mais que dobrando a votação da sua principal adversária, a senadora direitista Xóchitl Gálvez, que angariou cerca de 28%.
O cenário que definiu a vitória foi proclamado pelo Instituto Nacional Eleitoral (INE) do México por volta das 7h, com 69% das urnas apuradas, e reconhecido pela candidata da direita, que fez um discurso afirmando que “sempre fui uma democrata, comprometida com o respeito à lei, por isso reconheço que as tendências para a eleição presidencial não me favorecem e que não há informação que sugira uma mudança nesse quadro”.
É esperado que Sheinbaum dê sequência ao governo progressista de AMLO (como o presidente Obrador é conhecido no país, pela sigla do seu nome) e à chamada “Quarta Transformação”.
Leia também
Eleições no México: população vai às urnas e deve eleger primeira mulher presidente
Em busca da ‘quarta transformação’, força política de AMLO deve seguir na Presidência do México
Esquerda vencerá no México porque descobriu quem são os inimigos, afirma escritor
‘Espero alta participação da cidadania nestas eleições’, afirma candidata favorita no México
Incêndios e roubos de urnas: incidentes de grupos armados marcam eleição no México
Neste domingo, ao votar, Sheinbaum disse sobre o protagonista das mulheres nestas eleições, apontando que houve um maior participação de candidatas “se destacando nas disputas em todos os cargos”. Declarou ainda que acreditava que os resultados deste pleito iriam mostrar esse cenário.
No discurso feito após a divulgação dos resultados pelo INE, a agora presidente eleita afirmou que “vamos seguir fazendo do México um país mais justo, democrático, livre e soberano, para seguir construindo a grandeza da nossa pátria, e jamais nos tornaremos um governo autoritário, nem repressor”.
Quem é Claudia Sheinbaum
De origem judaica e nascida na Cidade do México, em 1962, Sheinbaum diz ser filha do movimento estudantil de 1968 porque, apesar de pequena, aprendeu de seus pais, participantes ativos do movimento. Tinha apenas seis anos quando ocorreu o Massacre de Tlatelolco, em 2 de outubro, fruto da repressão militar contra o movimento estudantil promovida sob o governo do Partido Revolucionário Institucional (PRI).
Desde pequena, Sheinbaum era bailarina, mas, durante a adolescência, teve que escolher entre o balé e a universidade. Escolheu ser física, mas já na UNAM também integrou a equipe de remadores olímpicos da universidade. Graduou-se em física e seguiu uma bem sucedida carreira acadêmica, com pesquisas relacionadas à temática ambiental.
Chegou a ser parte do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, por sua sigla em inglês), quando esta entidade ligada à Organização das Nações Unidas (ONU) recebeu o Prêmio Nobel da Paz, em 2007. Mais tarde, concluiu seu doutorado em Engenharia Energética.
No âmbito político, Sheinbaum sempre esteve próxima ao atual presidente AMLO. Ela o acompanhou na decisão de sair do Partido da Revolução Democrática (PRD), partido ao qual ele integrou até 2012, e foi uma das fundadoras do Morena.
Hoje, como candidata, prometeu representar uma continuidade em sua futura gestão como presidente. Participou de todas as campanhas de AMLO para o governo da Cidade do México – quando atuou como secretária do Meio Ambiente – e nas três posteriores candidaturas à Presidência, finalmente conquistada em 2018.
(*) Com informações de Fernanda Paixão, correspondente na Cidade do México.