A ex-primeira-dama norte-americana Michelle Obama não tem o menor interesse em assumir a candidatura presidencial do Partido Democrata após a desistência de Joe Biden, anunciada neste domingo (21/07).
Quem garantiu isso foi a jornalista Heloisa Villela, que trabalhou como correspondente nos Estados Unidos durante anos e comentou a mudança de rumo nas eleições do país durante entrevista realizada nesta segunda-feira (22/07) ao programa 20 MINUTOS.
Diante da pergunta do entrevistador Haroldo Ceravolo Sereza sobre se o fato de Barack Obama não ter apoiado abertamente a candidatura de Kamala Harris poderia ser interpretado como uma preparação para propor o nome de sua esposa para a disputa, Heloisa foi taxativa ao negar essa possibilidade, afirmando que essa omissão do ex-presidente sobre o possível substituto tem a ver, sobretudo, com um gesto de respeito a Joe Biden.
“Ela (Michelle Obama) não tem o menor interesse na carreira política, detesta essa pressão, já escreveu sobre isso, de que não queria nem que o Barack Obama fosse presidente, porque não queria conviver com esses problemas que a política traz (…) eu acho que é mais no Brasil que se fala sobre essa possibilidade que em qualquer outro lugar”, comentou a jornalista.
No entanto, ela considera que Michelle Obama pode ter um papel fundamental em uma eventual campanha da Kamala, caso a atual vice-presidente seja oficializada como candidata do Partido Democrata.
Segundo Heloisa, “o que podemos discutir com relação à Michelle (Obama) é sobre como ela irá apoiar e até que ponto ela vai participar da campanha. Seria super importante que tanto ela quanto o marido, o ex-presidente Barack Obama, participassem ativamente da campanha da Kamala Harris”.
“Você já imaginou a Michelle Obama, uma mulher negra, ex-primeira-dama, que tem uma popularidade altíssima, no palanque, ao lado da Kamala Harris, a primeira mulher vice-presidente do país, fazendo uma defesa enfática da candidatura dela? Teria uma influência muito importante”, acrescentou.
A ex-correspondente nos Estados Unidos também lembra que “o Barack Obama foi eleito (em 2008) com um índice de participação nas urnas altíssimo, o que é uma raridade, isso não acontece normalmente, porque ele mobilizou uma turma que não se sente representada por ninguém e que nem vota, e ele (Obama) levou essas pessoas às urnas. Muitos dos eleitores negros, por exemplo, que normalmente não vota, daquela vez votaram”.
“Eu acho que a Kamala tem essa possibilidade, de trazer não só o voto negro, que tem sido muito cortejado pelo Donald Trump, com sucesso, diga-se de passagem, mas ela (Kamala) trará uma participação muito ativa e engajada das mulheres, que não aguentam a misoginia do Trump, e ela tem esse potencial de mobilizar eleitores que não estão no jogo hoje, e que passarão a estar”, completou Heloisa.