O Baile de Posse Hispânico, um dos eventos mais prestigiados da comunidade latina nos Estados Unidos, foi realizado na noite deste sábado (18/01) em Washington. O presidente argentino, Javier Milei, recebeu um prêmio e foi exaltado no local por ícones da extrema direita norte-americana. No Brasil, Jair Bolsonaro chegou a chorar por ter sido proibido pelo Supremo Tribunal Federal de deixar o país para participar da posse de Donald Trump.
A dois dias da volta de Donald Trump ao poder, o Baile de Posse Hispânico consolidou seu papel como uma vitrine de influência política e cultural ao reunir figuras ultraconservadoras de destaque, como o senador Marco Rubio, indicado para liderar o Departamento de Estado, e a governadora da Dakota do Sul, Kristi Noem, cotada para assumir o Departamento de Segurança Interna.
A chegada do presidente argentino, Javier Milei, foi o ponto alto da noite. Cercado por uma multidão de jornalistas e fotógrafos, ele recebeu o prêmio “Titã da Reforma Econômica” e foi saudado por Vivek Ramaswamy, empresário e político norte-americano, que o chamou de “inspiração”.
Em seu discurso, Milei destacou as reformas econômicas que têm sido conduzidas na Argentina. “Hoje, me honram com a distinção de Titã da Reforma Econômica. O título é apropriado, dada a dimensão e a complexidade das mudanças que estamos implementando no meu país”, afirmou.
O presidente argentino reiterou seu compromisso com o Estado mínimo e criticou duramente a esquerda. “O socialismo é uma doença da alma, que leva à miséria, como ocorreu na Argentina. A desregulação é o único caminho bem-sucedido; é o caminho da motosserra”, declarou, em referência ao símbolo de sua política econômica.

Nos Estados Unidos, presidente argentino Javier Milei recebe o prêmio “Titã da Reforma Econômica”
Patriotismo e religião
Com o objetivo de celebrar as contribuições da comunidade hispânica, o evento reuniu políticos, empresários e artistas em um ambiente que combinava apelos patrióticos e mensagens de fé cristã. A cerimônia foi iniciada com uma bênção do pastor Johnny Perez, que proclamou: “Deus está do nosso lado!”.
Entre os convidados de honra estavam o recém-eleito senador Bernie Moreno, conhecido por sua postura polêmica sobre imigração, e Robert F. Kennedy Jr., indicado para o Departamento de Saúde. Também marcaram presença Donald Trump Jr. e sua ex-noiva Kimberly Guilfoyle, que deve assumir a embaixada americana na Grécia. Além de Milei, o presidente uruguaio, Santiago Peña, representou a América do Sul.
Bolsonaro ausente
Jair Bolsonaro foi proibido de viajar aos Estados Unidos por uma decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. O ex-presidente teve o passaporte apreendido no ano passado por ser alvo de uma investigação sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado no Brasil.
“Chateado” e “abalado”, Bolsonaro acompanhou a esposa, Michelle, ao aeroporto de Brasília no sábado. Ela participará da posse de Trump e teve direito a uma despedida emocionada do ex-presidente brasileiro, que não conteve as lágrimas. “Obviamente seria muito boa a minha ida lá”, disse à imprensa local.
A ausência de Bolsonaro abriu espaço para Milei como principal representante da agenda ultraconservadora latino-americana no evento. Sua retórica firme e postura provocadora consolidam sua projeção internacional como um dos líderes mais influentes da extrema-direita na região.
Prévia das prioridades de Trump
O evento também serviu para sinalizar as diretrizes da nova administração Trump, incluindo políticas mais duras de imigração e deportação em massa. A governadora Kristi Noem, indicada para liderar o Departamento de Segurança Interna, será uma figura central na implementação dessas medidas.
O baile ainda foi marcado pelo podcast especial de Steve Bannon, transmitido ao vivo. Estrategista-chave da extrema direita americana, Bannon recentemente saiu da prisão, onde cumpriu pena por desacato no caso da invasão ao Capitólio.