O Ministério da Defesa afirmou nesta terça-feira (27/08) que nenhum oficial autorizou que fuzileiros navais a serviço da embaixada do Brasil em La Paz escoltassem o senador boliviano Roger Pinto até a fronteira para facilitar sua saída da Bolívia sem o devido salvo-conduto.
O esclarecimento foi feito em comunicado divulgado hoje no meio da crise provocada no Brasil pela fuga do senador de La Paz com clara cumplicidade diplomática e que já provocou a saída do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota.
De acordo com a nota, os fuzileiros navais que escoltaram o líder opositor boliviano apenas atenderam ao pedido do encarregado de negócios da embaixada do Brasil em La Paz, Eduardo Saboia, para que o acompanhassem até a fronteira.
Roger Pinto, asilado desde meados do ano passado na embaixada, deixou a delegação diplomática na sexta-feira passada em um carro oficial ao lado de Saboia e escoltado em outro veículo por fuzileiros navais brasileiros.
O senador chegou sábado ao Brasil e conseguiu sair de seu país sem o necessário salvo-conduto.
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“No dia da viagem, os três adidos militares brasileiros na Bolívia encontravam-se fora de La Paz, na cidade de Cochabamba, participando de evento oficial do exército daquele país”, detalha o comunicado.
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Segundo a nota, os adidos disseram não ter sido consultados em nenhum momento sobre o deslocamento do senador boliviano até a fronteira com o Brasil.
“Dessa forma, nenhuma autoridade brasileira, no âmbito do Ministério da Defesa, foi consultada ou tomou conhecimento da viagem antes de o senhor Roger Pinto ter ingressado em território brasileiro”, garante o comunicado.
De acordo com o Ministério da Defesa, uma das atribuições dos fuzileiros é garantir a segurança da embaixada e dos membros do corpo diplomático brasileiro na Bolívia. “Os militares participaram da viagem ao serem convocados pelo encarregado de negócios da embaixada brasileira em La Paz (…) A participação dos fuzileiros teve o objetivo exclusivo de garantir a segurança do diplomata brasileiro”, acrescenta.
Roger Pinto estava impedido de sair de seu país pela falta de um salvo-conduto, que a Bolívia negava alegando que o senador responde a vários processos por corrupção. Saboia, por sua vez, justificou que ofereceu ajuda ao senador por razões humanitárias e devido a que, por problemas de saúde provocados por sua reclusão, corria risco de morte.
“Um país civilizado e democrático protege os seus asilados, sobre os quais ele tem que garantir a segurança, sobretudo, em relação à sua integridade física. O Brasil jamais poderia aceitar em momento algum, sem salvo-conduto do governo boliviano, não poderia colocar em risco a vida de uma pessoa que estava sob sua guarda”, afirmou Dilma.