O ex-líder militar servo-bósnio Ratko Mladic compareceu nesta terça-feira (28/01) ao Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia, mas se recusou a testemunhar no julgamento do ex-líder servo-bósnio Radovan Karadzic, alegando razões de saúde e possíveis prejuízos a seu próprio processo. Nos breves momentos em que falou, Mladic chegou a chamar o alto tribunal da ONU (Organização das Nações Unidas) de “satânico”.
“Desejo não testemunhar e me recuso a falar porque afeta minha saúde e porque, seguindo o conselho do meu advogado, pode prejudicar meus direitos como acusado em meu próprio julgamento”, respondeu Mladic a cada pergunta feita por Karadzic, que faz a própria defesa, embora conte com uma equipe de assessores legais.
[O então general servo-bósnio Ratko Mladic, em foto de 1993]
O ex-líder servo-bósnio foi perguntado, entre outras coisas, se havia sido informado de que “os prisioneiros de Srebrenica seriam executados” e pediram que explicasse “as razões do ataque a Sarajevo”.
Os juízes se recusaram a obrigá-lo a responder, “para evitar sua própria inculpação”, segundo o juiz que preside a sala, O-Gon Kwon.
Em tese, o tribunal pode obrigar um acusado que comparece como testemunha a falar, se lhe der garantias de que seu testemunho não será usado contra ele em seu próprio processo.
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Mladic, de 71 anos, a cada vez que tomava a palavra aproveitava para pedir que os juízes o deixassem ler “uma declaração de apenas sete folhas” que havia preparado para a ocasião, o que os juízes negaram.
No final da audiência, Mladic voltou a se referir al tribunal da ONu. Ao terminar seu pronunciamento, a testemunha agradeceu ironicamente ao juiz por não permitir que lesse seu discurso escrito, porque isso “confirma que este tribunal não é legal e sim uma corte satânica”.
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O ex-general servo-bósnio é acusado de crimes de guerra e contra a humanidade, entre eles o genocídio, cometidos durante a guerra da Bósnia, assim como do massacre de Srebrenica, local guardado à época por “boinas azuis” holandeses.
Karadzic e Mladic estão sob processos diferentes por acusações de crimes semelhantes e ambos insistem em sua inocência.