A Nova Frente Popular (NFP), coalizão de esquerda francesa, formalizou nesta sexta-feira (04/10) uma moção de censura contra o recém-nomeado primeiro-ministro do país, Michel Barnier, um conservador escolhido pelo presidente Emmanuel Macron.
A ação ocorre em resposta à imposição de um governo conservador de direita, o que, por sua vez, ignora o resultado das últimas eleições legislativas, vencidas pela própria coalizão de esquerda. As informações são da agência France Presse.
A moção, que será defendida pelo líder socialista Olivier Faure na próxima terça-feira (08/10), afirma que “a existência deste governo, pela sua composição e pelas suas orientações, é uma negação do resultado das últimas eleições legislativas”.
A insatisfação com a decisão de Macron se concentra no fato de que ele optou por não nomear a candidata da NFP à chefia de governo, a economista Lucie Castets, preferindo Barnier para manter sua aliança com forças conservadoras.
Nas eleições legislativas de junho, convocadas após o avanço da extrema direita nas eleições para o Parlamento Europeu, a NFP conquistou 193 cadeiras, o que a colocou à frente, mas distante da maioria absoluta de 289 assentos.
Então, Macron optou por formar um governo à direita, apoiado pela sua coalizão de centro-direita e pelos Republicanos (LR), ignorando as demandas da esquerda vitoriosa nas urnas.
A moção critica ainda as políticas de austeridade promovidas pelo governo de Barnier, assim como a presença de ministros como Bruno Retailleau, do Interior, conhecido por sua linha ultraconservadora e pela defesa de deportações em massa de imigrantes.
A esquerda francesa considera que o governo reflete o descompromisso de Macron com uma agenda social mais inclusiva, optando por reforçar as políticas de direita em meio a um contexto de crise.
Macron justificou a nomeação de Barnier alegando “estabilidade”, mas o governo, sem maioria na Assembleia Nacional, está vulnerável.
Ainda assim, a extrema direita, representada pela Reunião Nacional (RN), tem evitado apoiar a moção de censura. A deputada Laure Lavalette, do RN, disse que seu partido não irá endossar a iniciativa, afirmando que, apesar da crise, “não quer acrescentar mais caos” ao país.
De tal forma, Macron parece manter temporariamente sua aliança com setores da direita, enquanto desconsidera as demandas populares expressas nas urnas.