Uma semana após o Exército da Nigéria ter anunciado um acordo de cessar-fogo com o Boko Haram, residentes do estado de Adamawa, no norte do país, disseram nesta quinta-feira (23/10) que o grupo terrorista teria sequestrado outras 60 mulheres.
Moradores de duas localidades da região disseram à imprensa local e à agência Efe que 40 mulheres foram capturadas na comunidade de Waga Mangoro e 20, na de Garta. De acordo com os residentes, os supostos integrantes do Boko Haram chegaram armados em motocicletas.
“Chegaram vários armados, foram matando todos os homens e meninos que encontravam enquanto iam de casa em casa e para sequestrar mulheres e meninas”, relatou por telefone à agência Efe Kuva Azira, um dos moradores que conseguiu escapar com vida de Garta. “Antes de escapar, acho que mais de 20 mulheres tinham sido sequestradas”, disse, em relação a um ataque que só foi noticiado dias depois por se tratar de duas comunidades muito remotas. Outro residente, Kwada Tizhe, informou que os terroristas saíram de Waga Mangoro com 40 mulheres e meninas.
Agência Efe
População nigeriana cobra respostas do governo e pede libertação de meninas raptadas em Chibok há seis meses
NULL
NULL
Os governos federal e regional e o Exército não se pronunciaram sobre este novo sequestro. O porta-voz do governo de Adamawa, Phineas Elisha, disse a jornalistas que ainda não foi possível confirmar o número exato de sequestradas porque ambas as comunidades estão sob o controle de Boko Haram.
Segundo pronunciamento do governo do presidente Goodluck Jonathan na última sexta-feira (17/10), a trégua acertada com o Boko Haram incluiria a libertação das mais de 200 garotas raptadas seis meses atrás.
Histório de conflitos
Na noite de quarta-feira, cinco pessoas morreram e outras 12 ficaram feridas com a explosão de uma bomba na estação de ônibus da cidade de Azare, no estado de Bauchi, um dos mais afetados pelas atividades do Boko Haram.
Esses ataques, somados à violência registrada em Borno no fim de semana anterior, colocam cada vez mais em dúvida a veracidade do cessar-fogo anunciado pelo Exército. A Câmara dos Representantes da Nigéria aprovou na quarta-feira (22/10) o pedido do presidente Jonathan de destinar US$ 1 bilhão à aquisição de equipes militares para lutar contra o grupo, informou o jornal Premium Times.
Essa não é a primeira vez que as Forças Armadas nigerianas anunciam um cessar-fogo com o grupo terrorista que resultou ser incerto. O líder do grupo, Abubakar Shekau, já dado como morto em três ocasiões, mas voltou a reivindicar que estava vivo através de um vídeo divulgado no início de outubro.
Boko Haram, que significa “A educação não islâmica é pecado” em línguas locais, mantém uma sanguinária campanha no país que já matou mais de três mil pessoas neste ano, segundo dados do governo nigeriano.
(*) Com informações da Agência Efe